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Não é só um celular do Google

Patentes e até TV estão na disputa

Por Alexandre Matias
Atualização:

Patentes e até TV estão na disputa

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A reação natural à notícia da compra da Motorola pelo Google foi de que o site estaria adquirindo uma empresa que produz aparelhos para rodar seu sistema operacional móvel, o Android, conseguindo assim uma boa alternativa para concretizar seu tão falado Googlefone.

O aparelho, na verdade, já foi lançado - e depois cancelado -, em parceria com a taiwanesa HTC. O Google Nexus One foi uma das tentativas da empresa de lançar o próprio celular, no início de 2010. Mas logo que o projeto mostrou-se infrutífero, seus executivos abandonaram a ideia e resolveram apostar em várias marcas, deixando a marca do Google de fora.

E se lembrarmos que a Microsoft fechou parceria com a Nokia para viabilizar o próprio sistema operacional móvel com um hardware específico e próprio, o que o Google fez nesta segunda-feira não parece tão fora do esperado.

Mas há mais coisa nas entrelinhas dessa aquisição do que simplesmente imaginar que agora o Google tem uma empresa de hardware para lançar seu celular. Pois eles têm outros problemas para cuidar, um deles especificamente ligado a seu sistema operacional para celulares.

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Uma das grandes vantagens do Android em relação ao principal concorrente, o iOS - o sistema operacional da Apple, que roda em iPhones e iPads -, é que ele permite uma série de aplicativos gratuitos que, na versão para a Apple, são pagos. Mas toda essa "bondade" do Google não sai de graça para a empresa. Ela tem de pagar uma série de patentes que permitem o funcionamento, por exemplo, da própria loja em que seus aplicativos são vendidos, a Android Market. E como a batalha das patentes é uma verdadeira guerra fria entre as marcas de tecnologia, uma das ironias é que o Google tem de pagar à Microsoft para que seus aplicativos saiam de graça para seus usuários.

Há menos de um mês, a empresa perdeu um leilão em que poderia avançar bem nesse sentido, ao comprar as ações da Nortel. Mas perdeu a ação para um grupo que incluía alguns de seus principais rivais: Apple, Sony, RIM, Ericsson, EMC e Microsoft. Pode ser que o negócio com a Motorola esteja ligado às patentes da empresa que acabou de adquirir.

Outra possibilidade - que em nada tem a ver com celulares - vem do fato de que a Motorola é a principal fabricante de aparelhos de conversão para TV a cabo dos EUA, fonte de 30% de sua receita. Isso poderia ser uma ótima alternativa para o Google, finalmente, tirar do papel seu projeto Google TV, que levaria internet para as telas espalhadas pelas salas de estar dos EUA.

De qualquer forma, é cedo para avaliar o impacto da compra de hoje. Mesmo porque ela pode dar início a uma série de novas aquisições e fusões neste mercado sempre em movimento.

* Esta análise foi publicada na edição de hoje, 16 de agosto de 2011, do caderno Economia & Negócios, do Estadão.

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