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O ano em que a CES deixa de ser o maior encontro da tecnologia

Feira parou de emplacar tendências

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Por Alexandre Matias
Atualização:

SEM IMPACTO: Feira parou de emplacar tendências

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Todo ano é sempre assim: começa janeiro e lá vem a Consumer Electronics Show (CES) - alardeada aos quatro cantos como "a maior feira de tecnologia do mundo". E os olhos do planeta se voltam para Las Vegas, quando as principais empresas desta área exibem seus lançamentos para o recém-iniciado ano. Alguns estão na fila para chegar ao mercado, outros são protótipos de tecnologias que ainda vão se tornar mais baratas, outros tantos foram lançados às pressas apenas para fazer frente à concorrência.

Ao começar o ano do mercado de tecnologia com o dedo na tomada, a CES bate o bumbo para reforçar sua importância. Há uma esperteza estratégica no fato de o evento acontecer em janeiro. O mês é tradicionalmente morto no que diz respeito a notícias em geral, e até março a pasmaceira noticiosa na área de tecnologia é clássica.

Acontece que, há alguns anos, a feira perdeu a importância que tinha. Muitos podem apontar a edição de 2012 como o grande termômetro desta mudança. Foi a última vez que a Microsoft participou do evento; a CES 2013 não contará com os lançamentos da empresa que popularizou o Windows e a computação pessoal. A saída da Microsoft, no entanto, não é o primeiro sinal de que a feira já não é o que era; mas sim, o derradeiro.

Há outras razões que ajudam a chegar a este diagnóstico. Para começar: pelo menos há dois anos, não há uma grande tendência que toda a indústria se reúna para celebrar. Antes, toda CES era pautada por uma grande novidade que se desdobrava em diversos aparelhos. Foi assim com as telas de toque, com as telas de plasma e de LCD, com os smartphones antes e depois do iPhone, com os notebooks, etc.

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Desde 2009, logo após a crise financeira que atingiu os EUA, a CES não consegue emplacar sua grande tendência. No ano seguinte, tentou dizer que o futuro eram os aparelhos 3D, mas as pessoas não estavam tão interessadas nisso. A CES 2011 teve um monte de clones do iPad, mas nenhum deles conseguiu fazer frente ao tablet da Apple.

As tendências desta nova edição da CES são bem esparsas e soltas. Há apostas em relação à saúde monitorada por aparelhos, discussões sobre "a segunda tela" (a relação do celular com a TV e com o computador), muita ênfase em carro e casa conectada e pouca referência a um novo tipo de produto, a algo que faça o mercado e os consumidores acompanharem o que acontece em Las Vegas para saber qual será o grande produto que precisa ser comprado em 2013. Pode ser um eletrodoméstico, um televisor, algum acessório para o carro... Tudo girando ao redor da internet.

E é a rede um dos motivos que me parece ter esvaziado a importância da CES. Graças à popularização em massa da internet durante a década passada, os aparelhos perderam sua importância para os serviços oferecidos online. E os grandes deste cenário estão mais preocupados em fazer seus próprios eventos do que em participar de feiras em que fabricantes de todo mundo mostram suas máquinas. Afinal, por que montar uma barraquinha do Google ou o do Facebook num evento gigante?

O segundo motivo também está ligado à internet, mas passa pelos telefones celulares - que, há menos de uma década, agem como pequenos computadores de bolso com acesso à rede. Os telefones móveis hoje são os principais objetos de desejo do consumidor de tecnologia (competindo de perto com os tablets) e há pelo menos cinco anos estes produtos se encontram em outro grande evento, realizado dois meses depois, do lado de lá do Atlântico, em Barcelona, na Espanha.

O Mobile World Congress cresce mais a cada ano e não duvide que sua edição de 2013 seja mais popular - e faça mais barulho - do que a CES deste ano. *** Esta é a primeira coluna do ano novo, por isso não posso deixar passar a oportunidade de desejar um feliz 2013 para todos que acompanham o Link. O ano promete!

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ALEXANDRE MATIAS É DIRETOR DE REDAÇÃO DA REVISTA 'GALILEU' - GALILEU.GLOBO.COM

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