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Impressão Digital

O pós-iPad e o digital inevitável

Peço perdão para comentar, com atraso, a edição de segunda passada

Por Alexandre Matias
Atualização:

(Antes de começar a falar da edição da segunda-feira, peço desculpas pelo atraso em sua publicação online e um problema técnico nos forçou a publicar a versão do Link no Papel no blog do Link como medida de emergência. A edição inteira de segunda-feira pode ser lida )

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A semana que passou será lembrada num futuro próximo como mais uma prova de que a Apple quando se dispõe a tornar-se centro das atenções ela consegue. O iPad inevitavelmente soma-se à lista de produtos que a empresa se gabará em apresentar em suas performances de mídia do futuro: "Primeiro foi o iPod, depois o iPhone e o iPad e agora...", anunciará Steve Jobs ou algum outro porta-voz da empresa ao criar clima para o lançamento de mais um produto. Se o iPad irá vender ou não, se irá revolucionar o mercado ou não, se consolidará ou não uma nova fase para a computação pessoal - não importa. O circo armado pela Apple já foi o suficiente para seguir tatuando o logotipo da empresa no inconsciente coletivo do século 21.

Um passeio rápido pela tag "iPad" no site do Link - que já conta com seis páginas de matérias sobre o aparelho - nos revela o tamanho do impacto e expectativa gerada por um simples dispositivo eletrônico. As minhas favoritas: a história do russo que rodou um Windows 95 em seu iPad, os papéis de parede engraçadinhos, o americano bobalhão destruindo o brinquedo recém-comprado e os dos hacks - o de hardware e o de software da maquininha, fora a história da briga entre os desenvolvedores de flash e os fãs de Apple, em muitos casos, a mesma pessoa.

Mas passada mais de uma semana do lançamento do aparelho e tendo publicado uma resenha escrita por David Pogue na edição anterior, qual seria a nova abordagem que o caderno daria ao iPad? Uma dica veio embutida dentro de alguns comentários sobre o aparelho, de que ele seria tão fácil e simples de usar "a ponto de se esquecer da existência do mouse". Isso ligou com uma pauta que já havia ameaçado ser capa do caderno algumas reuniões de pautas semanas atrás - a da evolução da forma como interagimos com o computador.

Mouse e teclado acompanham a computação pessoal desde seu nascimento no final dos anos 70, periféricos imprescindíveis para a utilização do computador como o conhecemos. Mas a popularização da tecnologia touchscreen com a chegada do celular e sensores de movimento cada vez mais presentes nos videogames veio mudar a forma como lidamos com dispositivos eletrônicos - e o iPad é mais um degrau nesta evolução. Os comentários na redação sobre o aparelho variavam de "é um iPhonão" - ou "iPod Touchão", comentário quase sempre seguido da observação de que o novo tamanho causava na navegação - para "até eu consegui usar", o grande trunfo da Apple no que diz respeito à intuitividade do uso. O que é bem peculiar vindo de um aparelho que, disposto a substituir os laptops, não conta nem com mouse nem com teclado.

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E a partir da pauta encubada, gerou-se um esforço coletivo para dissecar a tendência apontada pela Apple. A repórter Ana Freitas havia ficado com a parte sobre telas sensíveis ao toque, enquanto Rafael Cabral explicou o projeto Sixth Sense, Jocelyn Auricchio falou das inciativas da Microsoft e Asus e testou o mouse touchscreen da Apple, enquanto Filipe Serrano comentou como o anúncio do novo sistema operacional da Apple - feito após o lançamento do iPad - é mais um passo de uma evolução que começou com o iPhone, quando a Apple conectou de vez o telefone móvel à internet. Rafael e Fred Leal se embateram sobre a importância do novo dispositivo (Rafa mais entusiasta, Fred cauteloso) e eu amarrei tudo no texto de abertura do caderno.

No resto do Link, além de traduzirmos duas matérias do New York Times - o Vida Digital sobre o novo game, online e social, da EA sobre Tiger Woods e outra sobre o hábito de fotografar comida lançado à era da câmera digital -, Tatiana de Mello Dias mais uma vez se viu às voltas com o Marco Civil da Internet, cujo anteprojeto - antecipado pelo Link há duas semanas - finalmente foi apresentado ao Ministério da Justiça. Aproveitamos para explicar o projeto em um infográfico de texto feito pelo Jairo Rodrigues, que a editora-assistente do caderno Heloísa Lupinacci batizou de "peça tipográfica" e eu encurtei para "infotipográfico" - um recurso que aparecerá com frequência nas próximas páginas do Link. Tatiana também entrevistou Leigh Morfoot, diretora do documentário Citizen 3.0 - e publicou a íntegra em seu blog, o obrigatório P2P.

Fora da rotina da equipe, o colunista Pedro Doria observa uma estranha aproximação entre a cultura das duas maiores cidades da Califórnia, enquanto Steve Jobs exibe-se como um jovem mestre numa arte pouco dominada pelo Vale do Silício de San Francisco e largamente abusada pela Hollywood de Los Angeles.

Uma aproximação que se reflete cada vez mais em algo que já é conhecido do leitor mais atento do Link - a de que a cultura digital é a cultura pop do início do século 21. Não é só um modismo ou uma nerdice - é algo que permeia quase todos os diferentes aspectos de nosso dia-a-dia e está mudando radicalmente hábitos, preceitos, regras e modelos. Seja na forma que mexemos no computador à maneira como as leis estão tendo de mudar ou como geeks vêm sendo tratados como popstars, uma coisa é fato: a vida digital mudou tudo para sempre.

Resta acostumarmos à mudança.

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