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O 4chan e novos relacionamentos online

Por Alexandre Matias
Atualização:
 Foto: Estadão

Escolhemos a data de publicação desta capa sobre o 4chan.

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Era um assunto que já vínhamos cogitando desde o final de 2009. Não que o 4chan fosse propriamente uma novidade. Mas achávamos crucial explicar que existem - longe dos Facebooks, Twitters e blogs da vida - diversos outros nichos que formam comunidades virtuais tão fortes quanto as organizadas pelos novos Bill Gates do século 21.

Você provavelmente participa de algumas delas - e não precisa nem abandonar o seu e-mail. Sabe aquela amiga da sua mãe que sempre te manda e-mails com power points bregas e pesados com mensagens profundas sobre clichês sobre espiritualidade? Ou aquele cunhado que lota sua caixa postal com denúncias sobre políticos? O tiozão que forwardeia todo tipo de alerta sobre vírus, segurança digital ou teorias de conspiração e o amigo do trabalho que passa o dia inteiro colecionando links de pornografia têm a mesma motivação que blogueiros, tumblrs, perfis no Twitter: criar uma comunidade interessada naquilo que ele tem a dizer.

Mas o que acontece em fóruns como o 4chan vai além de um determinado assunto. Ele cria uma comunidade em torno de interesses comuns que, com o tempo, tornam-se secundários. A amizade criada por participantes deste tipo de ambiente virtual pode ser frágil ou profunda, mas é um outro tipo de relacionamento, impossível de ser pensado há dez, quinze anos. Ainda mais nesta escala atual.

Esta matéria escrita pelo Fred Leal, acrescida da entrevista com o criador do fórum, o Moot, ao jornal New York Times, não é, no entanto, uma tentativa de mergulhar no clichê de "submundo" que parece ecoar quando o anunciamos logo na entrada da matéria na versão impressa. Este submundo não é um lugar em que vivem as camadas mais baixas da sociedade, uma versão virtual de um bairro barra pesada. É "sub" no sentido de passar distante - por baixo - da cobertura sobre tecnologia e cultura digital. Não estamos interessados em expor as regras de um clube fechado, apenas mostrar que ele existe.

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E ao imaginarmos quando seria o melhor momento para falar sobre o 4chan na capa do Link, pensei na estreia da versão de Tim Burton para o Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. Porque o 4chan é uma espécie de País das Maravilhas em que qualquer inocente pode cair sem querer e, na base da terapia de choque, aprender que existem outras perspectivas para a vida, outros pontos de vista, mesmo que alguns destes queiram decapitá-lo. Passei esta metáfora para o Bueno, ilustrador que já tinha aparecido na capa do caderno como personagem da pauta de jogos sociais, e a minha ideia de uma Alice entrando neste país bizarro, com o mouse como seu líder. E ei-la na capa do caderno:

Ilustração: Fernando Bueno / Infotipográfico: Jairo Rodrigues Foto: Estadão

Logo abaixo dela, vem o tal infotipográfico que eu e a Helô criamos para o Jairo deitar e rolar na composição. Ficou classe A.

E certamente não é o único País das Maravilhas que visitaremos no ano. Outros virão.

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