Foto do(a) blog

Ciência, inovação e tecnologia em um só lugar.

Opinião|A internet do futuro poderá se parecer com a Matrix

PUBLICIDADE

Atualização:
Empresas de tecnologia como o Facebook querem transformar a internet do futuro em um ambiente virtual colaborativo e imersivo chamado de Metaverso.  

Com a atual pandemia, além do trabalho e do ensino, a forma de comprar, consumir e se entreter também se transformou. Repentinamente, muitas pessoas tiveram que adotar meios de pagamentos digitais para solicitar refeições ou comprar em plataformas digitais. As relações sociais via plataformas digitais se intensificaram ainda mais, principalmente em jogos online. 

PUBLICIDADE

Em 2020, o tempo gasto em jogos online aumentou 40% mundialmente. Estima-se que em torno de 35% da população mundial tenha jogado videogames em 2020. Nos EUA, 2/3 da população jogou em alguma plataforma no mesmo ano.

O Roblox, uma destas plataformas de jogos, cresceu em torno de 55% durante 2020, atingindo um valor de mercado de 45 bilhões de dólares em março de 2021 - o que representa, por exemplo, em torno de 80% do valor atual do Banco Itaú Unibanco.

A tração que esses ambientes virtuais ganharam levou as grandes empresas de tecnologia a desenharem a evolução de tais plataformas. Enquanto a Microsoft apostou na criação da plataforma Mesh, o Facebook lançou a plataforma social Horizon, para utilização com os óculos de realidade virtual Oculus

Mesmo com o fim da pandemia, espera-se que ambientes híbridos de ensino e de trabalho sejam o novo normal. Num cenário com demandas cada vez maiores por interações sociais, laborais e econômicas em ambientes digitais, as empresas estão buscando criar o que virá a ser "a nova internet": o metaverso. 

Publicidade

O metaverso é um termo que surgiu na obra de ficção científica Nevasca (Snow Crash), escrita por Neal Stephenson em 1992. O conceito é semelhante ao da Matrix, em que a realidade é replicada num universo dentro de uma plataforma digital virtual onde os usuários podem interagir de forma imersiva. Nesses universos virtuais cada vez mais realistas e imersivos em função dos progressos tecnológicos (da computação gráfica, realidade aumentada e realidade virtual), é possível interações mais ricas e naturais entre as pessoas.

O Second Life, muito à frente de seu tempo, pode ser considerado uma primeira manifestação de metaverso, atingindo seu auge no Brasil em 2006. De fato, tal como em algumas plataformas de jogos da atualidade ao estilo Minecraft, os usuários podem construir seus próprios mundos e interagirem uns com os outros na forma de avatares. 

Há alguns dias, Mark Zuckerberg, cofundador e CEO do Facebook, declarou seu objetivo de transformar sua empresa de rede social em uma empresa de metaverso. Trata-se de um projeto antigo que aos poucos foi se materializando com a aquisição da Crayta, plataforma de jogos semelhante ao Roblox, há menos de dois meses. 

Os números mostram o quão sério é o compromisso do Facebook em criar um metaverso. Estima-se que a empresa ja esteja investindo em torno de 5 bilhões de dólares por ano na sua criação. Recentemente, o Facebook criou um time de executivos dedicado ao projeto e está contratando em torno de 700 funcionários para esta finalidade. Além disso, a empresa está criando óculos inteligentes juntamente com a empresa Ray-Ban e EssilorLuxottica

Além do Facebook, o metaverso se tornou um objetivo de outras empresas de tecnologia, como a Epic Games, criadora do jogo Fortnite. Tais empresas buscam reduzir a distância entre o mundo físico e o digital, trazendo o realismo e experiências similares ao mundo físico para um mundo digital imersivo, permitindo experiências colaborativas fidedignas que não são possíveis nos ambientes digitais atuais.

Publicidade

Tal conceito pode não fazer muito sentido para quem nasceu e viveu grande parte de sua vida num outro paradigma, mas, para uma geração com fluência digital, a aposta é que esse conceito permitirá mesclar o melhor do universo físico com o melhor do digital num conceito que alterará profundamente a forma como nos relacionamos com os mundos físico e virtual. Segundo Zuckerberg, esse novo conceito fará com que o nosso engajamento com a internet ocorra de uma forma muito mais natural, visto que não fomos feitos para navegar e interagir com as coisas através de apps

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

O conceito de naturalidade na interação é um dos principais pilares desta "nova internet". Segundo Tim Sweeney, fundador da Epic Games, um dos melhores casos de uso será a possibilidade de se encontrar com seus amigos e ter experiências sociais interessantes, como sair para uma caminhada juntos, o que é muito mais prazeroso do que sentar-se à frente de uma tela para conversar.

Para os negócios, o conceito trará mudanças significativas na forma como as empresas irão interagir com os clientes, como os colaboradores irão trabalhar e como os negócios irão gerar e capturar valor com uma migração ainda maior das transações do mundo físico para o mundo virtual. 

Pode parecer ficção, mas no que depender de Zuckerberg, Sweeney e outros líderes de empresas de tecnologia, a internet do futuro não muito distante nos trará um gostinho da Matrix, haja vista os bilhões de dólares já investidos e muitos outros já comprometidos para a sua construção. Não será a primeira vez que a realidade imitará a ficção.

Opinião por Alexandre Nascimento
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.