A Campus Party, pelo coordenador de conteúdo

O jornalista Alexandre Rodrigues conta como foi a escolha dos temas da Campus Party

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Por Murilo Roncolato
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O jornalista Alexandre Rodrigues foi escolhido pelo organizador Mário Teza para coordenar a definição dos eventos que ocorrem na Campus Party neste ano. É a primeira vez que ele participa de uma e disse que foi escolhido por ser da área de jornalismo, o que ajuda "a pinçar o que é novo, o que está em evidência, o que interessa". "Achei que não ia dar conta dos temas que não conheço bem, mas as pessoas têm boa vontade para ensinar e fui aprendendo", disse ele. Ele falou com o Link sobre a programação da Campus Party.

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O que se pretende para a edição deste ano? Conforme a tecnologia evoluiu nos últimos anos, o evento ficou mais complexo. Em 400 palestras, 500 horas de atividades, você acaba discutindo 90% do que está acontecendo no mundo digital. Não dá para montar o evento sem falar do impacto do iPad; impossível trazer o Kinect e não discutir o que dá para fazer com ele; é impossível fazer um evento assim e não discutir o WikiLeaks. Enfim, é o momento da internet. A Campus Party é um evento sobre futuro, mas não só isso. É sobre cultura, mas tambémnão só isso. Ele transcende a cultura digital e discute a cultura geral. E acaba sendo um evento sobre sociedade e a transformação dela.

Como foi a escolha dos palestrantes? A gente tenta trazer quem é relevante de alguma forma.A presença de Al Gore, por exemplo, pode parecer estranha: "Por que o Al Gore? Por ser uma estrela?". O Al Gore tem um projeto de jornalismo colaborativo e é sobre isso que ele vem falar. O Tim Berners-Lee vem falar sobre o futuro da internet, que deu um contraponto ao artigo do Chris Anderson, editor da Wired, sobre o fim da web. A gente coloca essas discussões porque é um evento que antecipa o futuro. Quando a gente discute WikiLeaks, na verdade a gente está debatendo como serão os governos e a acesso a informações. Para isso, vamos ter uma discussão e uma oficina sobre "hacking data", que vai falar sobre como obter dados públicos, abertos, mas não acessíveis.

Tecnologias do futuro, como holografia, vão exigir processadores com desempenho muito maior. Então a gente está trazendo a Tatiana Rappoport, que é uma física que estuda propriedades do grafeno e vai discutir as aplicações dele na computação, que rendeu o prêmio Nobel de Física ano passado aos russos Andre Geim e Konstantin Novoselov. Raspando a ponta de lápis, eles conseguiram descobrir um novo material supercondutor 100 mil vezes mais rápidos que os atuais.

Parece um evento de guris geeks, só baixando coisas. Não é. É gente consumindo cultura o tempo todo e aprendendo como o mundo está se transformando. Centenas deles vão usar o que aprenderam para produzir conteúdo, novas tecnologias, eles podem ajudar a mudar e melhorar a sociedade.

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