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O lado livre da internet

A Apple tem seus méritos, mas será que não está na hora de mudar?

Preços altos e restrições são parte fundamental da imagem da Apple. Por quanto tempo?

Por Alfredo Goldman
Atualização:
FOTO: Apple and Pear Australia Ltd., modificada por Nelson Lago Foto: Estadão

Boa parte das pessoas já sabe da qualidade dos produtos da Apple. Desde o inovador iPod, passando pelo iPhone e chegando finalmente ao iPad, essas linhas de produtos mudaram de forma significativa o uso de dispositivos móveis. O princípio que delineou a mudança foi o de deixar a interface com o usuário bastante intuitiva, de forma a facilitar o seu uso, e não há como negar o sucesso e o impacto dessa abordagem. Além dos dispositivos móveis, a linha de computadores da Apple também tem uma boa reputação de confiabilidade e desempenho e, durante muito tempo, os Macs, como são conhecidos, foram muito usados por programadores, artistas gráficos, músicos e diversos usuários exigentes. Mas há um porém, que é o preço: os produtos da empresa em geral são bem mais caros do que os produtos de outros fabricantes com desempenho e características semelhantes. Há inclusive pessoas que só têm produtos da maçã devido à ótima experiência que é oferecida.

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Apesar de na família eu ser o único usuário de Android (sim, tenho um ótimo Nexus 5), entendo a adoração da minha esposa e dos meus filhos. E essa adoração não é só deles; ela é bem visível a cada lançamento, quando há filas enormes e uma procura exarcebada por produtos ligeiramente melhores do que os anteriores. Por sinal, talvez esse seja o maior trunfo da Apple: o de sempre conseguir convencer os usuários da necessidade de ter o último produto lançado.

Um outro mérito interessante descobri há pouco. Meu MacBook começou a ter problemas graves, isto é, o computador reinicializava frequentemente, impedindo o seu uso normal. Logo, fui a uma Apple Store para fazer um diagnóstico. O computador foi conectado a um aparelho, que em minutos identificou o problema como sendo devido à placa gráfica e ligado a um recall. Assim, deixei o meu computador para reparos, na segunda. Quando fui buscá-lo no sábado, tive a surpresa de encontrar vários componentes novos (incluindo a bateria) sem ter que pagar nada.

Daí vem a pergunta: será que a Apple é tão boa assim? Eu diria que não, pois ao fabricar os seus próprios computadores tudo fica mais fácil: todos os componentes são bem conhecidos e há um número bem limitado de versões, o que simplifica muito a gestão do estoque de peças e as tarefas de manutenção dos produtos. No caso do Android a situação é bem diferente, pois o hardware não é único, forçando o software a lidar com diversas variações e estar preparado para reagir adequadamente a isso. No mesmo sentido, as últimas versões dos sistemas operacionais também tem limitado a liberdade do usuário, buscando oferecer a mesma experiência para todos. Isso, no entanto, tem incomodado bastante os usuários mais técnicos.

Além disso, dados os preços maiores dos produtos da Apple, mesmo os usuários mais fanáticos têm optado por montar os seus computadores usando componentes disponíveis no mercado e evitando, assim, pagar pela marca (http://www.hackintosh.com/, http://tonymacx86.com/). Há um post completo a respeito: basta procurar por "Building my $1,200 Hackintosh".

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Concluindo, não há como negar que os produtos da Apple são bem feitos e têm uma ótima interface. Mas seus preços são muito altos e temos cada vez menos a chance de personalizar os produtos como queremos. Será que é isso que os usuários querem?

* Alfredo Goldman é Professor de Ciência da Computação no IME/USP e diretor do CCSL-IME/USP

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