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O lado livre da internet

Dos vampiros à Inteligência Artificial

O que é "arte"? Para que serve? E como é que faz?

08/02/2017 | 10h12

  •      

 Por Nelson Lago

FOTO: Fotograma do filme “Le Voyage dans la Lune” (viagem à lua, 1902), de Georges Méliès, colorido manualmente

Vampiros têm sido usados (talvez à exaustão) em obras de ficção como livros, filmes e seriados. Foi esse universo que catapultou a atriz Kristen Stewart (no papel de Bella, protagonista da saga adolescente Crepúsculo) para as telas de todo o mundo aos 18 anos de idade, após diversos outros trabalhos bem-sucedidos, mas menos explosivos, como atriz. Mas como dar continuidade a uma carreira após tamanha projeção com tão pouca idade? Através da Inteligência Artificial, é claro.

A atriz, hoje com 26 anos, acaba de lançar o curta-metragem “Come Swim” na edição de 2017 do Festival Sundance de Cinema, evento focado em produções independentes. O que nos interessa aqui é que, juntamente com a estreia em 19 de janeiro, a atriz e outros produtores do filme publicaram um artigo científico descrevendo o uso que fizeram de técnicas computacionais para gerar as imagens “surreais” do filme.

A técnica em si — trasferência de estilo de imagens usando redes neurais de convolução — não é invenção da equipe: ela foi descrita pela primeira vez em 2015, e já há diversas implementações diferentes disponíveis. O trabalho de Stewart e seus colegas tem menos impacto científico, limitando-se a descrever como a técnica foi usada e ajustada manualmente para atingir o objetivo esperado no contexto do filme.

Não é difícil perceber que a publicação serve também como divulgação tanto do filme quanto da figura da atriz. O aspecto interessante é observar o que houve com a técnica em si: o que teria acontecido se os autores do trabalho original tivessem patenteado sua ideia? As várias implementações da técnica não existiriam; em algum momento, alguma empresa de porte lançaria um produto (pago e caro) específico para fazer esse tipo de processamento; com o tempo, a popularização dessa ferramenta levaria a uma enorme quantidade de filmes, curta-metragens e comerciais fazendo uso do mecanismo, até tornar o efeito algo trivial — como aconteceu com o efeito de transformações de rostos que foi visto em larga escala pela primeira vez no videoclip da música “Black or White”, de Michael Jackson. As nuances que Stewart e sua equipe buscaram nunca teriam sido encontradas.

Ao invés disso, o acesso livre às ideias daquele trabalho abriu espaço para variações, novas implementações e experimentos como os do filme “Come Swim”. Tudo isso, por sua vez, se fez possível porque diversas ferramentas necessárias para esse tipo de processamento, como TensorFlow ou Torch, existem sob a forma de software livre.

Quem diria, a criatividade também passa pela comunidade!

* Nelson Lago é gerente técnico do CCSL-IME/USP

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Sobre o Blog

Alfredo Goldman, Fabio Kon e Nelson Lago são pesquisadores do Centro de Competência em Software Livre da USP e além de acreditar em todo o potencial de software livre, são responsáveis pela curadoria dos posts deste blog feitos por membros de toda a comunidade do CCSL.

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