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O lado livre da internet

Formatos proprietários

Obsolescência sem liberdade é um beco sem saída!

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Por CCSL
Atualização:
 Foto: Estadão

Por Alfredo Goldman*

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Recentemente, li o ótimo post no blog do Demi Getschko sobre "fósseis eletrônicos". Fiz isso de forma completamente arcaica, como todos os dias: na edição em papel do jornal (algo que, sim, tende a desaparecer). No texto, ele aborda de forma clara os riscos que temos com mídias e arquivos em formatos antigos. Eu mesmo me sinto uma vítima disso, pois tenho muitos filmes em fitas VHS-C e dezenas de filmes clássicos em laserdisc (e o meu leitor também precisa de conserto). Mas não imaginava que eu já seria vítima de problemas com formatos digitais tão rapidamente.

Após muito tempo sem dar cursos na linguagem Java, fui escalado para dar o curso "Laboratório de Orientação a Objetos". Como das últimas vezes usei Python, tive que achar as minhas velhas apresentações, onde abordo temas desde encapsulamento até herança, passando por polimorfismo.

Por sorte, sempre fui razoavelmente cuidadoso com as minhas cópias de segurança e nesse ponto o uso de tecnologias modernas está completamente a nosso favor. Se, antigamente, o primeiro PC a que tive acesso tinha 10Mbytes de disco rígido (1988), o computador que eu tinha em 2002 tinha 100GBytes de disco, logo sempre foi relativamente fácil manter uma cópia dos arquivos antigos em uma fração dos novos dispositivos de armazenamento. Assim, após localizar o diretório com os arquivos, vi que na época usava slides no formato .ppt. Logo, meu instinto inicial foi tentar abri-los com o proprietário Power Point. Abaixo a mensagem que eu recebi.

 Foto: Estadão

Naturalmente, fiquei bastante preocupado por alguns instantes, pois o software comercial e pago que gerou os arquivos, em uma versão relativamente atual, não oferecia mais compatibilidade sequer de leitura com eles. Mas não desisti: tentei em seguida o Libre Office e acessei os meus arquivos sem nenhum problema, e agora eles foram convenientemente convertidos para um formato livre.

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Concordo com as preocupações do Demi, mas uma forma de mitigar o problema é tentar manter sempre que possível nossos arquivos em formatos abertos. Assim, se não houver um software que os leia no futuro, teremos ao menos a opção de escrever um.

Para terminar, a Microsoft, ao meu ver, não tem nenhuma razão técnica para evitar a retrocompatibilidade de arquivos dos seus aplicativos (nem que seja de forma restrita, só permitindo a leitura). Isso não ocupa espaço significativo nem afeta o desempenho. Logo, fica a pergunta, o que a empresa ganha ao escolher essa opção? Eu gostaria de saber...

* Alfredo Goldman é Professor de Ciência da Computação no IME/USP e diretor do CCSL-IME/USP

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