Foto do(a) blog

Deu no New York Times

Dropbox simplifica a nossa vida

Finalmente não corro mais o risco de cair no Inferno das Versões Conflitantes

PUBLICIDADE

Por David Pogue
Atualização:

Sempre que me sinto tentado a escrever a respeito de um produto tecnológico que já foi lançado há algum tempo, vejo-me dividido. Por um lado, serei criticado pelos leitores mais antenados com a tecnologia por estar chegando atrasado à festa. Por outro, não me parece correto manter algo genial escondido do resto do mundo.

PUBLICIDADE

Assim sendo, lá vai: eu amo o Dropbox.

Acabo de terminar de escrever um livro de 900 páginas. E não foi apenas o trabalho de escrever -- tive de preparar todas as suas etapas, o que significa que também fui responsável pela edição, a revisão técnica, a diagramação, o índice e assim por diante, tarefas desempenhadas por mim ou por alguém contratado para fazê-las. Nos últimos 12 anos, produzi cerca de 35 livros de acordo com este método.

Do ponto de vista logístico, trata-se de um pesadelo dos piores. Cada capítulo precisa passar por uma série de estágios. Neste livro, por exemplo, cada capítulo que escrevi foi enviado primeiro a Julie, a revisora; depois a Kirill, o editor técnico; então voltava para mim, que incorporava as alterações sugeridas por eles; era então mandado para Phil, o diagramador; voltava para Julie, que o distribuía a uma série de preparadores; o capítulo voltava para mim para uma checagem final, e era então encaminhado novamente a Phil, que o convertia num arquivo PDF de alta resolução para ser mandado para a gráfica.

Acredite se puder: durante 12 anos, transmiti todos estes arquivos por meio de e-mails -- com exceção dos arquivos que eram grandes demais para serem anexados a uma mensagem eletrônica. Estes tiveram de ser transformados em arquivos .zip, postados num servidor FTP. O destinatário era notificado da disponibilidade dos arquivos via e-mail, e tinha então de baixá-los e tirá-los da pasta compactada, livrando-se a seguir do arquivo .zip. Uma verdadeira confusão de múltiplas etapas técnicas.

Publicidade

Inevitavelmente, vimo-nos fazendo visitas ocasionais ao Inferno das Versões Conflitantes, quando nos confundíamos e ficávamos sem saber quem estava com a "batata quente". Acabávamos vendo duas pessoas editando o mesmo capítulo de maneiras diferentes.

Com este último livro, tudo foi diferente. Usamos o Dropbox.

Trata-se de um serviço gratuito que instala uma pasta mágica na área de trabalho do seu computador. Tudo aquilo que for jogado dentro da pasta aparece, com um passe de mágica, numa pasta idêntica em todos os seus demais computadores. Este simples conceito proporciona um grande número de possibilidades.

É possível trabalhar num projeto no escritório, voltar para casa e continuar exatamente onde paramos. Aqueles mesmos arquivos são mostrados na pasta do Dropbox -- sem que o usuário jamais precise enviá-los, carregá-los e nem transferi-los.

O Dropbox também pode ser considerado um sistema simples de backup automático. Afinal, qualquer coisa que estiver presente em vários computadores ao mesmo tempo estará, por definição, garantida por cópias de segurança. (O usuário recebe 2GB de capacidade de armazenamento gratuitamente. A cada vez que indicar o Dropbox a um amigo, esta capacidade é ampliada em 500MB, até um total de 8GB. Pode-se também pagar uma taxa mensal por uma capacidade de armazenamento muito maior.)

Publicidade

Há até aplicativos para iPhone e Android, possibilitando a abertura de tipos comuns de arquivos (como fotos, vídeos e documentos do Office ou em formato PDF) diretamente no celular, bem como o seu encaminhamento para outras pessoas. E isto enquanto os arquivos originais ficam guardados no seu computador, em casa.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

No decorrer dos anos, li tantas resenhas favoráveis elogiando o Dropbox que decidi descobrir se o programa seria capaz de aliviar a dor de cabeça que o processo de edição dos livros me causa. Podemos até conceder a outras pessoas acesso a certas subpastas dentro da sua pasta do Dropbox.

Assim sendo, criei uma pasta chamada "Primeiras Versões". Sempre que concluída um capítulo no meu laptop Apple, eu deixava nesta pasta o arquivo de texto. No computador de Julie -- um sistema Windows --, em Montana, uma pequena janela de notificação aparecia dizendo, "Um novo arquivo chegou à pasta 'Primeiras Versões'" -- e lá estava o texto, pronto para ser aberto e editado por ela. Nada de transferência de arquivos, nada de e-mails, nada de FTP, nada de compressão nem arquivos .zip, nenhum esforço da minha parte e nem da parte dela. Um verdadeiro milagre.

Depois de concluir a edição, ela acrescentava suas iniciais ao nome do arquivo; o nome era alterado também na minha pasta Primeiras Versões, o que me permitia saber que ela tinha terminado. Mais uma vez, não foi necessário enviar nem transferir coisa nenhuma; era praticamente como se o arquivo estivesse em dois lugares ao mesmo tempo.

As ilustrações usadas neste livro são grandes demais para serem enviadas por e-mail, e dá muito trabalho comprimi-las e enviá-las via FTP. Mas não precisamos nos preocupar com isto. Arrastei cada pasta cheia de imagens para a pasta "Imagens" e, num passe de mágica, estas apareceram na área de trabalho de Phil em Stamford, Connecticut, e na de Kirill, em Moscou.

Publicidade

Por mais que a minha pasta do Dropbox parecesse estar fisicamente em diferentes lugares ao mesmo tempo, meus instintos me diziam que, nos bastidores, o Dropbox deve funcionar por meio do upload e download de arquivos e da cuidadosa sincronização das alterações feitas. Certa vez, quando estava prestes a sair da rede Wi-Fi que mantenho em casa, quis descobrir se o programa tinha terminado de sincronizar os últimos arquivos que eu tinha acrescentado; não queria correr até o aeroporto sem me certificar de que os meus colaboradores tivessem recebido o material. Assim, cliquei no pequeno ícone do Dropbox na minha barra de menu. E lá estava a mensagem, exatamente onde eu a estava esperando: "Todos os arquivos foram sincronizados". Bingo!

Há outros serviços rivais que desempenham a mesma função. O SugarSync, por exemplo, é como um Dropbox Plus -- traz muito mais recursos, ao custo de uma maior complexidade. (Exemplo típico: no SugarSync, pode-se configurar múltiplas pastas de sincronização. No Dropbox, uma única pasta mestra é sincronizada, embora seja possível criar dentro dela tantas subpastas quanto se desejar.)

Mesmo assim, me tornei mais um fiel usuário do Dropbox. Julie, Phil e Kirill ficaram igualmente impressionados com a facilidade e a simplicidade do funcionamento do programa. Ninguém perdeu arquivos, ninguém caiu no Inferno das Versões Conflitantes, e todos foram poupados do desgaste psicológico de se deparar com a pergunta: "Como faço para repassar este material para a próxima pessoa?"

Sei que nem todos trabalham com processos tão elaborados de trocas de arquivos. Mas o Dropbox merece ser experimentado por sua capacidade de manter seus arquivos importantes em todos os lugares ao mesmo tempo. Ou então, experimente o programa como forma de fazer um backup automático, silencioso e criptografado das suas informações essenciais. Ou então, como forma de acessar do celular os arquivos que estão no seu computador de casa.

O importante é experimentá-lo. São muito poucos os diamantes tão brilhantes e bem lapidados quanto este.

Publicidade

*Post publicado originalmente em 20/10/2011.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.