
David Pogue
Deu no New York Times
Laptops que parecem carros de corrida – no mau sentido
Em uma reunião na Advanced Micro Devices (AMD) outro dia, os representantes me falaram sobre chips, velocidade, mas, de passagem, mencionaram outra iniciativa da companhia que me animou: adesivos para laptop. Quando você compra um PC com Windows, como você provavelmente sabe, ele vem cheio de pequenos (ou não tão pequenos) adesivos: uma para o
19/09/2010 | 22h30
Por David Pogue
Em uma reunião na Advanced Micro Devices (AMD) outro dia, os representantes me falaram sobre chips, velocidade, mas, de passagem, mencionaram outra iniciativa da companhia que me animou: adesivos para laptop.
Quando você compra um PC com Windows, como você provavelmente sabe, ele vem cheio de pequenos (ou não tão pequenos) adesivos: uma para o Windows, um para o Skype, um para a Intel, um para quem fabricou o computador, outro talvez da Energy Star e por aí vai.
O mais bizarro é que as companhias estejam tentando fazer laptops bonitos nos dias de hoje. O pessoal da AMD me mostrou, por exemplo, um maravilhoso e super leve computador da Hewlett-Packard. Liso. Brilhante. Elegante. Ainda assim, com uma salada de frutas sem graça de adesivos de todos os tipos.
Como a AMD diz, é como comprar um novo e luxuoso carro – e descobrir que ele vem com adesivos não-removíveis que promovem a marca de óleo, o fabricante de tapete, a companhia que produz o fluído do limpador de vidros e até aquele aromatizador de ambiente que você nunca teve a intenção de usar.
Esqueça que todo esse lixo promocional já aparece na caixa. Você realmente precisa de tudo isso fisicamente afixado no seu computador?
Fisicamente – e quase permanente? Eu tentei tirar alguns dos adesivos daquele laptop da HP, e foi um desastre. Você pode arrancá-los, mas eles rasgam e deixam a cola adesiva. Após gastar uma grana em um laptop, você deveria ser obrigado a passar os primeiros 20 minutos com ele tentando dissolver a gosma com um removedor? (Aí está uma oportunidade promocional perdida pela HP).
A pesquisa da AMD mostra que consumidores os odeiam (duh). Mas eles não vão parar de aparecer por uma razão simples: há dinheiro graúdo envolvido. Intel, Microsoft, Skype, todas pagam as fabricantes pelo espaço. Por isso a HP tolera que a boa aparência de seus produtos seja estragada por esses anúncios. (A Apple se recusa a colocar adesivos da Intel nos seus computadores, mesmo que eles tenham ‘Intel inside’. Fazendo isso, deixa de ganhar milhões de dólares todo ano).
Nem sei se esse dinheiro é bem gasto. Se você compra um laptop Windows, é certo que você terá Windows nele. Se a caixa do computador diz ‘Intel inside’, você já sabe saberá disso quando estiver abrindo essa caixa.
(Um argumento da indústria é que os adesivos ajudam o pessoal das vendas a diferenciar um laptop de outro quando eles ajudam os consumidores. Mas a caixa traz a mesma informção. E mais que isso, como ‘Windows 7’, ‘Intel inside’ e ‘Skype ready’ podem ajudá-los a guiar os consumidores?).
Em 2011, a AMD vai mudar para stickers que saiam fácil, não deixando mais resíduos: depois de fazer isso, planeja eliminar toda essa história de adesivos. Enquanto isso, a AMD vai pagar o mesmo de marketing para as companhias de computadores que não querem usar seus adesivos.
Veja: se você quer adotar o modelo ‘carro de corrida’, onde os patrocinadores pagam o time pelo lado direito do carro para expor o seu logotipo, ok. Deixe os fabricantes dos componentes pagar diretamente pelo direito de anunciar no seu computador novo. E você escolhe quais devem aparecer e negociar o quanto você receberá.
Por enquanto, vamos aplaudir a AMD, que se tornou pioneira ao tentar mudar essa prática sem sentido. E vamos vaiar Microsoft, Intel, Skype e os fabricantes de computadores por continuarem com isso – às suas custas.
Comentários
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Tendências
- Clubhouse: conheça a rede social de áudios que caiu na boca do povo
- Bateria, sensores e potência: saiba como escolher um robô-aspirador de pó
- Vazamento de dados: veja tudo o que já sabemos sobre o caso
- Megavazamento de janeiro fez meio milhão de celulares corporativos circularem na internet
- Pequeno mas potente, iPhone 12 mini é prova de que tamanho não é documento