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Deu no New York Times

O restante dos anúncios feitos pela Apple

Na apresentação feita pela Apple durante a Conferência Mundial dos Desenvolvedores (WWDC) em San Francisco na segunda feira, a empresa revelou tantas novidades em produtos e recursos que seria fácil escrever um caderno inteiro só sobre elas. Já comentei os pontos principais, e fiz uma resenha do novo laptop - mas isto não esgotou meus pensamentos a respeito da apresentação. Abaixo, mais algumas considerações.

Por David Pogue
Atualização:

MacBook Air. Na semana passada escrevi a respeito do meu próprio acervo de eletrônicos. Destaquei que não preciso de fato do drive de DVD do meu MacBook atual, e não me importaria de me livrar deste peso extra - mas a alternativa, o MacBook Air, não tem espaço de armazenamento suficiente para meus vídeos e fotos.

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Vejam que surpresa: a Apple atualizou os modelos do MacBook Air. Agora ele têm um chip mais rápido, gráficos mais potentes, mais memória, entradas USB 3 e - lá vem a grande novidade - uma capacidade de armazenamento ampliada, chegando a 512MB. E o preço foi reduzido em US$ 100. Hmmm.

Ditado. Assim que a Apple mencionou que a conversão da fala para texto digitado se tornaria um recurso básico do novo sistema operacional Mountain Lion, pensei no pessoal da MacSpeech. Estes pobres sujeitos tentaram durante mais de uma década levar o reconhecimento vocal para o Mac; no fim, o produto deles, agora chamado Dragon Dictate para Mac, foi comprado pela Nuance. E agora que o ditado será incorporado ao Mac, quem vai se interessar pelo Dragon?

Bem, antes de mais nada, o Dragon ainda é muito mais preciso, já que se adapta à voz do usuário. Além disso, ele funciona mesmo quando não estamos online; no Mountain Lion, é preciso estar conectado à internet para usar o ditado.

Por fim, a Nuance é a responsável pelo serviço de ditado dos dispositivos da Apple - o que significa que a Nuance é beneficiada por este acordo.

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Ainda assim, os anúncios feitos na WWDC lembraram as pequenas empresas de software de todo o mundo que seus esforços podem ser copiados pela Apple a qualquer momento. Basta pensar no Growl (muito semelhante ao novo recurso de Notificações do Mountain Lion); o aplicativo Classics (cuja apresentação semelhante a uma prateleira de livros foi emprestado do iBooks); Instapaper (agora jogado na obsolescência por um novo recurso da versão do Safari para o Mountain Lion); e assim por diante.

Me parece que aqueles que dançam com um elefante têm de conviver com a possibilidade de levarem um pisão.

FaceTime no celular. No iOS 6, nova versão do sistema operacional da Apple para celulares, será possível fazer chamadas de vídeo onde quer que o usuário esteja, mesmo por meio das redes 3G; até então, o recurso só estava disponível via sinal Wi-Fi.

Por que tivemos de esperar tanto por isso? A Apple destaca que, diferentemente das chamadas de voz, a transmissão de dados em geral não exige uma conexão contínua, estável e ininterrupta com a rede celular. O consumo de dados costuma ocorrer em partes: uma página da web, um e-mail recebido e assim por diante. Ao usar o celular, o aparelho costuma mudar sua conexão de rede para rede conforme nos movimentamos - e às vezes até quando permanecemos no mesmo lugar; até que as conexões de dados possam ser contínuas e ininterruptas, as chamadas de vídeo serão frustrantes.

Em outras palavras, as empresas de celulares precisaram de dois anos para ajustar suas redes e torná-las capazes de conexões contínuas de dados. (E, na verdade, nem todas as operadoras o fizeram - é provável que nem todas as operadoras ofereçam suporte ao FaceTime.)

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Mail. No iOS 6, usando um iPhone ou iPad, será agora possível anexar um vídeo ou uma foto a uma mensagem de e-mail que estejamos escrevendo.

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Sei que isto parece óbvio. Mas, até então, era preciso iniciar este processo no aplicativo Photos. Primeiro escolhíamos as imagens, então abríamos o Mail e levávamos a ele as imagens, anexando-as a uma mensagem em branco. Um procedimento um pouco atrasado, na verdade.

O aplicativo Mail pode agora abrir também os documentos Office protegidos por senha.

Reação aos laptops. Foram muitas as reações ao novo MacBook Pro de 15 polegadas - aquele que não tem drive de DVD, nem disco rígido tradicional, nem entradas Ethernet e FireWire. Há muita gente se queixando daquilo que está faltando. (Além disso, não se falou numa versão de 17 polegadas.)

Muitos repararam também que não é mais possível fazer por conta própria a manutenção e a atualização do hardware do laptop. A memória e a capacidade de armazenamento instaladas no dia da compra são as mesmas que usaremos pelo restante da vida útil da máquina.

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Trata-se de um filme que todos nós já vimos antes. De novo e de novo e de novo. Lembram-se de quando a Apple decretou a morte do drive de disquete? Do modem telefônico? Da bateria removível?

Acreditem em mim - estou entre aqueles que se queixaram. Fiquei furioso quando eles assassinaram o modem telefônico; isto foi numa época em que o sinal Wi-Fi estava longe de se tornar onipresente.

Mas nós não passamos de moscas incomodando um elefante. Há alternativas para os produtos da Apple; se não gostarmos daquilo que a empresa está nos oferecendo, não precisamos comprar seus aparelhos.

Mas é claro que, no fim, a Apple se mostrará correta a respeito do fim de determinadas tecnologias comuns, porque ela é ao mesmo tempo a causa e a consequência destas mudanças. A empresa decide que certa tecnologia está pronta para a aposentadoria - e então, justamente porque a Apple elimina um recurso, sua observação se torna realidade. A tecnologia em questão cai no esquecimento conforme o restante da indústria segue a tendência.

O lema da Apple pode muito bem ser uma adaptação do antigo provérbio chinês: que você viva com uma empresa interessante de eletrônicos.

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* Publicado originalmente em 14/6/2012.

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