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Deu no New York Times

Testando vídeos em celulares... com Flash

O Flash é mesmo tão ruim nos celulares como diz Jobs?

Por David Pogue
Atualização:

Há alguns meses, o mundo da tecnologia se divertiu, mas ao mesmo tempo se assustou com um conflito aberto entre Adobe e Apple a respeito do software gráfico Flash.

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O Flash é um plug-in para o seu navegador na internet imprescindível para assistir a determinadas animações (como aqueles anúncios que deixam todo mundo maluco), a jogos e, principalmente a vídeos na web.

Se você quiser assistir a programas de TV no Hulu.com, a vídeos no site NYTimes.com ou nas home pages graficamente ricas de milhares de outros sites, precisa do Flash.

O Flash já está embutido no navegador do seu computador, mas nunca nos celulares -- e mais precisamente, o iPhone jamais o terá. Era por isso que Apple e Adobe estavam brigando.

Pode-se ler a explicação de Jobs por não querer o Flash na carta aberta que ele endereçou aos clientes da Apple.

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Basicamente, ele diz que não gosta do fato de o Flash ser exclusivo (é totalmente controlado pela Adobe). Ele preferiria que a internet mudasse para formatos (linguagens) concorrentes chamados HTML5 e H.264, e observou que milhares de sites já fizeram isto. E acrescentou que "a Vimeo, Netflix, Facebook, ABC, CBS, CNN, MSNBC, Fox News, ESPN, NPR,Time, The New York Times, The Wall Street Journal, Sports Illustrated, People, National Geographic, e muitos outros" já mudaram. "Os usuários de iPhone, iPod e iPad não sentem muita falta de vídeos".

 Foto: Estadão

Será? Embora seja verdade que algumas das maiores empresas, como Netflix, YouTube e Vimeo tenham mudado, dizer que os proprietários destes aparelhos "não estão sentindo muita falta" é um exagero. O Flash está em toda parte.

De qualquer modo, Jobs escreve também que o Flash é bichado, falha toda hora, está cheio de brechas na segurança e  gasta uma quantidade enorme de bateria. E ainda que os jogos do Flash foram projetados para mouse e teclado, e não funcionam tão bem nas telas sensíveis ao toque.

Principalmente, ele afirma, a Apple jamais haverá de aceitar que terceiros controlem uma parte importante do software de sistema. Ela não quer ficar à mercê da Adobe quando se tratar de introduzir uma inovação.

Portanto, a situação é esta. A Apple não permitirá o Flash em seus produtos iOS (ou seja, iPhone, iPad e iPod Touch). Por isso, a Adobe encerrou os seus trabalhos como Flash para o iOS.

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Em vez disso, concentrou-se no desenvolvimento do Flash para outras marcas de celulares. Recentemente, ela lançou o Flash para telefones Android 2.2, o que inclui os últimos modelos: HTC Evo, Nexus One, Desire, Droid, Droid 2 e Droid X. O Flash sairá logo também para o BlackBerry, Palm, Windows Phone 7 e telefones Symbian -- para todos os telefones, menos o iPhone.

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O que torna estes acontecimentos tão interessantes é o fato de que põe deliberadamente à prova um dos argumentos de Jobs, o de que o Flash não é adequado para celulares, gasta muita bateria e é bichado.

Então?

Experimentei o Flash num Droid X da Motorola. (Você pode baixar o Flash da loja Android Market.) Não há nenhuma dúvida. Sem o Flash, perde-se muito na internet. De repente, poderia assistir a clips de esportes, de notícias e a vídeos do nytimes.com. Mas logo anúncios começaram a piscar na tela do telefone. No Droid X, você pode fazer um zoom do mesmo modo como faz zoom em uma página da Web -- apenas tocando no vidro. E pode girar o telefone 90 graus para que o vídeo se enquadre melhor.

Vídeos ocasionais (infelizmente, como os meus, no nytimes.com) pareciam blocados e manchados. Mas na maior parte do tempo, os vídeos eram fantásticos e os jogos muito fáceis de jogar -- mesmo sem mouse e sem teclado. É fantástico, considerando que o Flash for Mobile usa apenas 20% do poder de processamento do Flash de um computador.

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O site que mais me impressionou foi, evidentemente, o Hulu.com, em que é possível assistir aos últimos episódios da maioria dos programas de TV gratuitamente -- e graças ao Flash. Infelizmente, a alegria durou pouco.

Todos os vídeos que tentei tinham um aviso: "Vídeo não disponível." Isto me faz imaginar que se trata de um problema político do Hulu, e não técnico.

Um vídeo com o Flash num celular em geral leva algum tempo para carregar. Mesmo com um forte sinal Wi-Fi, a mensagem "carregando" muitas vezes aparece por 10 segundos antes que o vídeo comece.

Não fiz testes com as pilhas, mas a Adobe afirma com orgulho que o Flash for Mobile é um dos downloads mais populares do Android Market, e recebe notas muito altas. Segundo os engenheiros da Adobe, pode-se assistir 3 ou 3,5 horas de vídeo antes que o seu celular acabe (pressupondo, evidentemente, que a pessoa não faça nenhuma outra coisa.)

Em suma, é muito melhor ter o Flash do que não tê-lo. É verdade que pode acelerar o desgaste das baterias, e que os jogos para mouse e teclado são pouco práticos, e não funciona absolutamente em todos os sites. Mesmo assim, não deveria ser disponível para a gente usar agora e sempre que precisar?

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O verdadeiro problema da Apple com o Flash não é tecnológico -- mas tem a ver com a questão do controle. Em poucas palavras, a Apple não gosta de estar à mercê de outra companhia para fornecer componentes básicos do seu sistema operacional.

Tudo bem. Mas enquanto o HTML5 não se tornar o novo padrão universal para vídeo -- se é que algum dia isto acontecerá -- o público fica entre fogos cruzados.

/ Tradução Anna Capovilla

* Texto originalmente publicado em 7/10/2010.

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