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Deu no New York Times

Um rugido elogioso para o e-mail do novo Mac OS X Lion

Na minha coluna publicada na edição de hoje [21/07/2011] do Times, escrevi sobre o Mac OS X Lion, agora disponível na loja de aplicativos do Mac ao preço de US$ 30 (o download ocupa 4 GB). Como é de costume no lançamento de um grande produto, o sistema operacional apresenta alguns bugs, e sua incompatibilidade com o Quicken, o AppleWorks e o Office 2004 é um pouco frustrante. Mas o sistema conta também com novos recursos e capacidades de todo o tipo - entre estes, uma versão melhorada do aplicativo Mail.

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Por David Pogue
Atualização:

Ora, eu usei os programas de e-mail da Microsoft durante anos - o Entourage, como era chamado, e agora o Outlook. Mas, como escrevi na época do lançamento do programa, a versão para o Mac do Outlook é, a meu ver, um grande retrocesso. Faltam ao programa vários recursos importantes que estavam presentes no seu predecessor e, pior ainda, o software trava quando está baixando mensagens.

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Ou seja, se um e-mail com o assunto "URGENTE: entrar em contato com a chefia imediatamente" aparecer na caixa de entrada, o usuário não pode clicar nele para lê-lo até que todo o processo de download chegue ao fim, um ou dois minutos mais tarde. (A Microsoft diz que o problema não é normal, e se esforçou muito, sem sucesso, para rastrear sua causa.)

Decidi, portanto, começar a usar o programa de correspondência eletrônica da Apple, o Mail, que vem instalado em cada Mac. A tarefa não foi fácil, já que (a) tenho um arquivo morto de mais de 100 mil mensagens e (b) o Outlook, por incrível que pareça, não é capaz de exportar mensagens!

Depois de passar algum tempo procurando uma solução no Google, encontrei um programa shareware de US$ 40 chamado EagleFiler. Foi especificamente desenvolvido para transferir mensagens de um aplicativo para o outro, mas conta com bons recursos para cumprir esta tarefa, uma pasta de cada vez. Foram necessários três dias, mas, finalmente, consegui transferir tudo para o Mail. (Tive algumas duplicatas de mensagens em certas pastas; um conjunto de scripts gratuitos chamado Mail Scripts trazia uma opção chamada Remover Duplicatas que resolveu o problema.)

Gosto muito do Mail. Seu funcionamento é super rápido, especialmente quando usamos a Busca para localizar uma mensagem em meio a tantas outras, e ele não trava enquanto baixa as mensagens. Foi então que fiz o upgrade para o Lion. Sua versão melhorada do aplicativo Mail se assemelha mais ao gerenciador de e-mail do iPad. O design é mesmo excelente. É possível, por exemplo, marcar como "favoritas" as pastas mais usadas para armazenar suas mensagens numa barra de ferramentas disposta na parte superior da janela, e então ocultar a lista de pastas de mensagens, aumentando muito o espaço de trabalho para a lista de mensagens e a área de leitura.

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A Caixa de Entrada exibe agora as primeiras duas linhas da mensagem, o que é muito mais útil do que ver apenas o assunto de cada e-mail. E o modo de exibição que agrupa as mensagens por conversa é bastante superior aos recursos semelhantes de outros programas, pois oculta todas as informações desnecessárias (cadeias intermináveis de cópias de cópias de cópias de mensagens anteriores), exibindo apenas aquilo que foi acrescentado com cada réplica e tréplica.

O conceito de ocultar os elementos que poluem a janela e maximizar a área de trabalho é uma das metas mais gerais por trás do design do Lion. Na maior parte do tempo, isto funciona bem. Mas, ao usar o Mail, deparei-me com um efeito colateral particular que não pôde ser avaliado na resenha publicada.

Eu estava usando o modo de exibição em tela cheia, e comecei a responder uma mensagens enviada por alguém. A janela de nova imagem se abriu, no centro da tela e em primeiro plano, e as demais janelas do Mail se apagaram gradualmente e caíram para o segundo plano. Bacana. O problema é que, quando tentei copiar algo de outra mensagem - uma mensagem aberta numa outra janela, ainda visível, apesar de apagada e em segundo plano, atrás da janela da nova mensagem que eu estava escrevendo - descobri que era impossível clicar nela!

A Apple confirmou que, no modo de exibição em tela cheia, só pode haver uma janela ativa por vez, e não se pode alternar entre elas. Para copiar algo de uma janela em segundo plano, ou para consultar alguma outra mensagem, é preciso levar o mouse até o limite superior da tela para fazer com que a barra de menus reapareça, clicar no ícone Tela Cheia para restaurar suas janelas, então copiar o consultar o material desejado, e finalmente clicar no ícone Tela Cheia mais uma vez para voltar ao modo de exibição em tela cheia. A meu ver, este tipo de coisa é um exemplo de submissão à consistência do design levada ao grau da mais pura estupidez.

Fui informado também que o modo de exibição em tela cheia não funciona (não como deveria, ao menos) em sistemas com múltiplos monitores; ainda estou pesquisando o assunto. Ter de consultar ou copiar uma informação contida numa outra mensagem enquanto estamos escrevendo uma resposta não é uma situação rara, e este tipo de novidade desnecessariamente complicada representa um dispensável passo atrás.

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Enquanto isto, vamos aos merecidos elogios: o Mail é rápido, ágil, eficiente e repleto de recursos que ajudam a poupar tempo. (Adoro o recurso Data Detectors - basta levar o mouse até um endereço físico para que este seja acrescentado à Agenda de Endereços ou indicado num mapa, ou então levar o ponteiro do mouse até uma data e horário para acrescentá-los à agenda com apenas um clique.) Resta torcer para que o defeito da exibição-travada-numa-única-janela esteja entre as preocupações da Apple na próxima atualização do Lion.

/TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Publicado originalmente em 21/07/2011

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