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Demi Getschko

Por dentro da rede

É quente usar ‘cool’?

14/12/2015 | 19h03

  •      

 Por Demi Getschko

Reprodução

Fui leitor voraz da coluna Questões Vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, no Estadão, e sinto falta das lições do velho mestre.

Em épocas passadas, o pessoal tinha mais apego ao idioma. Novidades que viessem de fora eram “domesticadas”: refrigerator tornou-se geladeira e freezer, congelador. Claro que excessos não “colavam”. Não era razoável tentar impor ludopédio. Seguir com futebol, e não football, já estava de bom tamanho. Assim, houve um tempo em que snooker virava sinuca, back era beque e goalkeeper, um mero goleiro.

Hoje faz-se o caminho inverso. Solteiros são singles, comida dietética é diet e a leve é light. Ainda é preciso descobrir qual é a riqueza semântica que se esconde em light, que leve não tem? As crianças saberão que diet se diz “dáiete” e light é “laite”? O latim que os anglófonos importaram para enriquecer sua língua volta como um bumerangue – ou será um boomerang? – travestido para cá, ameaçando a “última flor do Lácio, inculta e bela”, que aqui pacificamente medrava…

Agora estamos “gamificando”! E nem tento imaginar qual seria o radical envolvido nesse estrupício. Parece garantido que há muito mais emoção lúdica em um game do que num simples jogo. Dia desses vi num condomínio uma chamada para as crianças irem ao pátio, jogar dodgeball. Fiz uma busca da web (uma “googlada”) e descobri que se tratava da prosaica queimada, também conhecida como barrabol que eu e meus amigos jogávamos lá na rua – à época se usava a expressão “brincar na rua”… Como diria um velho amigo meu, barbaridade!

A tecnologia tem sua parcela de culpa. Há conceitos que eram perfeitamente traduzíveis: nos anos 70, na Escola Politécnica da USP, fazíamos varreduras e projetos gráficos; hoje, se fazem scans e designs. Há, também, conceitos novos a ser aculturados: cocktail torna-se coquetel, sketch vira esquete e layout pode ser leiaute. Mas qual seria a justificativa para “printar”, ou “imputar dados”, ou mesmo para “impeachment” quando temos “impedimento”? Recentemente, eu vi que se mandam “nudes”. Isso só pode ser uma evolução inevitável e sofisticada dos obsoletos nus.

Talvez o português tenha perdido a antiga riqueza de expressão. Talvez nós tenhamos perdido o gosto pelo idioma, ou estejamos mais preguiçosos. Talvez seja a globalização, a perda da autoestima, ou desvalorização da identidade cultural, sabe-se lá… O mais provável, entretanto, é que o defeito esteja no meu prazo de validade e o mundo tenha mudado sem que tenha me dado conta. Mas insistirei: vou tentar um “aggiornamento”.

“…dei um scan na net e realizei q meu note tah bad. Postei sobre o note no face, insta e snap, mas me trollaram: ‘manda nudes!’ #sqn #soquenaum! Haha estou fora de shape. E naum sou single #NOT. Take care #lunchdiet #light4ever!

O note tá offline! Hj em dia é #must ter note TOP. Perdi o black friday depois do halloween – too bad – mas vou pegar uma sale de X-mas que tah floodando no shopping: tem new releases e acho que dah pra descolar deal bem cool! Spoiler: o brother daqui avisa que no site do seller dos notes tem 30% off! Flw! Eh mad, meu! Kkkkk! Vlw!”

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