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Inovação e cultura maker contada por mulheres

Livro sugere caminhos para empresas promoverem igualdade de gênero

Material traz histórias de profissionais e ideias sobre como contratar mulheres em equipes de tecnologia

Por Maria Lab
Atualização:

Lançamento do livro "Mulheres líderes na tecnologia: como promover a equidade de gênero e reter talentos nas empresas". Foto: Arianne Thrall

Aconteceu, na última quinta (27) em São Paulo, o lançamento do livro "Mulheres líderes na tecnologia: como promover a equidade de gênero e reter talentos nas empresas", material desenvolvido pela UPWIT - Unlocking the Power of Women for Innovation and Transformation ou Destravando o Poder das Mulheres para Inovação e Transformação -, em parceria com a Cia de Talentos. O livro está disponível apenas em formato digital e pode ser baixado gratuitamente.

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Trata-se de um produto do workshop Mulheres Líderes na Tecnologia, promovido também pela UPWIT e realizado em São Paulo no dia 27 de maio de 2017, que teve como propósito oferecer mentoria e orientação de carreira para mulheres em busca de oportunidades no ramo de tecnologia e informações para o aprimoramento das empresas em suas estratégias de contratação de mais mulheres para a área.

As participantes mapearam, por meio da metodologia de design thinking, as maiores dificuldades encontradas ao longo de suas jornadas profissionais, desde o ingresso na universidade até a consolidação da carreira. Elas também apresentaram sugestões sobre como as empresas podem ser mais inclusivas e diversas.

Os propósitos do e-book

O e-book "Mulheres líderes na tecnologia: como promover a equidade de gênero e reter talentos nas empresas" nasceu com a premissa de ser um suporte para que estas instituições promovam equidade de gênero a partir dos relatos de mulheres que já fazem parte deste universo.

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Tendo seus propósitos alinhados aos princípios da Organização das Nações Unidas (ONU), o desenvolvimento do livro tem como principais objetivos contribuir com a promoção de equidade de gênero nas empresas e universidades, aumentar o número de mulheres ingressantes nos cursos de tecnologia e de mulheres contratadas nas empresas da área e orientar as mulheres em relação a formação, liderança e autoestima.

O material traz desafios levantados pelas participantes no workshop que estão ligados a três pilares principais: indivíduo, universidade e empresa. Desta forma, o e-book foi construído e pensado dentro de cada uma das três esferas. A ideia é que cada pilar possa contribuir com soluções para as questões que dificultam o crescimento da mulher no mercado de tecnologia.

A mulher em primeiro plano

O primeiro pilar abordado no e-book "Mulheres líderes na tecnologia: como promover a equidade de gênero e reter talentos nas empresas" está relacionado às demandas pessoais das mulheres que trabalham no setor. Foi constatado que existiam problemas com perspectiva da autoimagem da mulher enquanto sujeito social e que atingem a maioria das profissionais de diferentes posições do mercado da tecnologia.

São vários os relatos de mulheres que se sentem inseguras em ambientes sem diversidade de gênero. Elas se acham "incapazes", acreditam não estarem "preparadas" para assumir grandes posições e, muitas vezes, manifestam a Síndrome da Impostora, desenvolvendo a percepção de que "não são inteligentes e estão enganando todo mundo".

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Segundo o e-book, estes problemas também são estruturais e que as mulheres carregam desde a infância, uma vez que sem incentivo familiar e do ensino básico, elas não se reconhecem na área, o que ocasiona uma série de obstáculos que atrapalham o crescimento profissional.

O papel da universidade

O primeiro ambiente em que as mulheres se deparam com a realidade da área de tecnologia é a universidade, que tem um papel crucial em sua formação. Além de ser a esfera onde toda a experiência técnica será construída, é também um local de troca e convívio social. É o que mostra o depoimento de uma das participantes do evento Mulheres Líderes na Tecnologia:

"Nós, no início do curso, pensamos que a incerteza é um problema. Acabamos nos cobrando muito, pensando que deveríamos já saber de tudo. Com receio da exposição, evitamos fazer perguntas e temos medo de errar."

De acordo com as informações do e-book, há uma necessidade eminente de trabalhar diferentes frentes para o aumento de mulheres ingressantes nos cursos de tecnologia e para incentivar a permanência delas até a sua conclusão. Poucas alunas na sala de aula pode acarretar em exclusão pelos colegas homens, perseguições psicológicas, questionamentos sobre a capacidade intelectual e até mesmo sobre sua decisão de estar ali.

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Os desafios nas empresas

No mercado de trabalho, as mulheres encontram situações ainda mais complicadas. As empresas de tecnologia ainda estão muito pouco preparadas para receber as profissionais e, segundo os depoimentos das participantes do evento, o problema começa no momento da entrevista. Segundo o material, estas entrevistas são carregadas de pegadinhas e perguntas pessoais, e mostram como a maioria dos entrevistadores não possui preparo para incluir a mulher no mercado, em especial no de tecnologia.

Ao encontrarem um local majoritariamente masculino, elas sentem o peso da desigualdade e do machismo. Além de os salários serem menores se comparados aos dos homens que ocupam os mesmos cargos, elas têm suas capacidades testadas a todo momento, são muito mais exigidas e cobradas e encontram pouco espaço para a colaboração, a troca de conhecimento e o aprendizado.

A falta de feedbacks mais assertivos, de planos de carreira e flexibilidade também foram pontos levantados pelas participantes que, cada vez mais, priorizam ascensão profissional e qualidade de vida a salários altos.

O que pode ser diferente?

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Para mudar este cenário e tornar as profissionais mais seguras, o e-book sugeriu várias ações que visam, primeiramente, ao fortalecimento da mulher. Ele também fala sobre a necessidade de conscientizar a sociedade em relação aos estereótipos que rotulam insistentemente as mulheres. A área de engenharias, ciências e tecnologia são, podem e devem ser para mulheres, que desempenham suas funções tão bem quanto os homens. Representatividade nessas áreas importa sim, e é o que afirma a Ivanise Maravalhas Gomes, business relation manager LATAM (Eaton) e mentora do evento Mulheres Líderes na Tecnologia:

"Precisamos de mais gibis, programas de TV, filmes, novelas, livros e peças de teatro com mulheres cientistas, engenheiras, técnicas, empilhadeirista, motorista de caminhão. Precisamos normalizar a presença de mulheres nestes ambientes para que uma menina tenha liberdade de se apaixonar por estudar e trabalhar com qualquer assunto, e não só o que nos ensinaram há séculos que é apropriado para moças."

A universidade precisa aprofundar-se na questão de equidade de gênero, criar um plano de ação por meio do acompanhamento mais próximo das estudantes, estabelecer uma cultura de inclusão entre alunas, colegas, professores e professoras, além de implantar programas que permitam maior representatividade em seu corpo docente e em posições de liderança.

Já as empresas de tecnologia precisam promover ambientes de trabalho mais acolhedores e confortáveis para receber e contribuir com o desenvolvimento dessas mulheres, eliminando qualquer desigualdade de gênero e oferecendo possibilidades de crescimento.

A transformação do mercado de tecnologia deve ser esforço de todas as esferas da sociedade. O papel do e-book "Mulheres líderes na tecnologia: como promover a equidade de gênero e reter talentos nas empresas" foi apresentar alguns caminhos para que as mulheres, universidades, empresas e comunidades promovam de fato equidade de gênero, e mostrar o quão possível esta mudança é.

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O e-book está disponível para download aqui.

*Fernanda Coelho é Redatora na UP[W]IT e membro-colaboradora do MariaLab.

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