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Inovação e cultura maker contada por mulheres

Procrastinação maker: uma válvula de escape criativa

Muitas vezes, quando precisamos fazer alguma coisa, como por exemplo, escrever um texto, encontramos dificuldade em focar na tarefa. Para muitas pessoas, a tendência é entrar em desespero e pensar "não acredito que vou procrastinar essa atividade". Não importa se você preparou todo o ambiente, reservou um horário em que dificilmente seria interrompida e tenha feito a lição de casa direitinho. Algumas vezes a atividade simplesmente não vinga.

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Por Redação
Atualização:

No meu caso, eu estava nessa situação antes de escrever esse texto. Mas ao invés de roer as unhas pela ansiedade ou atacar a geladeira, abri o Sublime Text - meu editor de código favorito - e comecei um projeto de programação novo. E enquanto o assunto não fluía, eu ocupei minhas cabeça com outra atividade. Quando terminei o pequeno projeto, me voltei para o documento vazio no Google Drive de novo, mas na hora ele me pareceu uma avalanche branca de neve pesada prestes a cair na minha cabeça. Prazo. De novo não rolou. Resolvi fazer outra coisa. Dessa vez, consertar a porta solta de um móvel aqui de casa. E assim fui seguindo - tarefa atrás de tarefa, até que eu estourei o limite de atividades mecânicas possíveis de fazer no dia e finalmente a vontade de escrever vingou com meu esgotamento físico.

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Chamamos isso de "procrastinação produtiva", quando ao invés de contemplar o nada ou fazer tarefas passivas - como assistir um filme ou simplesmente navegar na internet -, você simplesmente vai completando outras pendências da vida. Percebi que esse hábito é muito popular entre pessoas que costumam participar de iniciativas do que chamamos "cultura maker". É muito comum que os makers escutem seus amigos comentarem, impressionados, alguma coisa do tipo "eu não sei como você encontra tempo para fazer tudo isso", quando todas as pessoas do mundo continuam tendo 24 horas disponíveis por dia para realizar suas atividades. Acredito que a única diferença entre "o tempo dos makers" e "o tempo das pessoas comuns" é que em todo o período ocioso ou procrastinador (quandoa maioria das pessoas gastam apenas zapeando o Netflix), makers costumam fazer alguma coisa que queriam há muito tempo. Isso não quer dizer que eles não assistam Netflix, mas que eles apenas não fazem isso enquanto estão procrastinando.

E para ajudar mais pessoas a tentarem praticar a procrastinação produtiva, listo três passos para quem quer começar.

1. Observe o que lhe desmotiva

Já dizia o famoso oráculo grego: conhece-te a ti mesmo. O primeiro passo nesse caminho é viver alguns dias apenas observando quando os momentos de procrastinação surgem. Qual foi a última coisa que você fez antes de sentir aquela vontade enorme de não fazer a próxima tarefa do dia? Qual é o sentimento que você tem quando pensa em fazer aquela atividade chata? Quanto tempo você geralmente gasta procrastinando?

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Com essa informação, podemos seguir para os próximos passos.

2. Planeje a procrastinação

Sabendo quando e como você inicia um momento procrastinador, você pode ter uma previsão de quanto tempo isso dura e onde isso ocorre. Com isso você pode pensar quais ferramentas e recursos que você tem a sua disposição nesse momento, e em como usar esses recursos para realizar alguma atividade que lhe dê prazer. Ou que você sempre pensou em fazer mas nunca teve tempo, coragem ou nunca soube como começar. Para essa última possibilidade, eu aconselho o mais simples: comece pelo Google. Parece simples demais, mas é uma ajuda enorme.

Por exemplo. Eu sempre quis praticar caligrafia, daquele tipo que as pessoas usam para fazer letreiros bonitos e desenhar arabescos na volta. Quando comecei a fazer a tal 'procrastinação produtiva', resolvi que essa era uma das coisas que eu ia fazer nesses momentos. Para isso, comprei um caderno simples de caligrafia e uma caneta apropriada, e deixo ambos ao meu lado na mesa de trabalho. Assim, eles ficam facilmente ao alcance da minha mão quando abro o Pinterest e digito "calligraphy" para buscar inspiração, nas horas em que percebo que não estou afim de fazer determinada coisa e provavelmente vou ficar pelo menos meia hora enrolando. Escrever uma frase simples usando técnicas de caligrafia normalmente me toma de dez a trinta minutos, dependendo de quantas palavras estou trabalhando ou o tamanho da letra, e saber esse tempo me ajuda a planejar o momento de "ócio produtivo".

3. Mantenha uma lista

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Tenha uma lista guardada com todos os assuntos pelos quais você se interessa, mas nunca leu muito a respeito. Ou coisas que você sempre quis deixar para fazer depois, porque não tem prazo fixo (exemplo: mandar um email para um amigo que você não vê há anos, ler sobre um projeto que algum colega mandou e pediu feedback, devolver um livro que você pegou emprestado, organizar suas playlists no Spotify, etc). No meu último caso de procrastinação, eu queria há muito tempo criar temas de cores novos para usar no meu editor de código, mas nunca "tinha tempo" para fazer isso - até porque era uma tarefa um tanto quanto irrelevante para o meu trabalho, era mais uma curiosidade que eu tinha sobre como fazer aquilo. Como estava na minha lista de coisas aleatórias para fazer enquanto eu deveria estar fazendo outra coisa, eu a escolhi porque era algo com potencial para me dar prazer em realizar. E no fim, a sensação de riscar um item de uma lista foi muito boa. Tão boa que me senti motivada para terminar o que eu estava fazendo antes.

Com o tempo, você vai aprendendo consigo mesmo o que você pode e consegue fazer nesses momentos. E pode ter certeza de que você vai começar a realizar mais projetos do que imagina que pode.

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