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Tudo sobre o ecossistema brasileiro de startups

2020: como foi o ano para as startups

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Por Felipe Matos
Atualização:

Imagem: Pixabay  

Unicórnios, investimento recorde, mega aportes, IPOs, PIX, Marco Legal... 2020 foi o melhor ano para o ecossistema de startups do Brasil, mesmo com a pandemia.

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Não é segredo para ninguém que 2020 foi um ano desafiador. A pandemia impôs mudanças que afetaram todos os setores da economia e as vidas de cada um de nós. Com o ecossistema de startups não poderia ter sido diferente. Mas, se por um  lado, as empresas de tecnologia também sofreram com as incertezas da crise, ela também ajudou o setor a crescer e se fortalecer como nunca, na esteira de um momento que nunca demandou tanto soluções digitais rapidamente como esse. Assim, 2020 se encerrou como o melhor ano da história para startups no Brasil. Como já virou tradição na virada do ano eu costumo fazer um balanço do período que passou e uma lista com previsões e tendências para o próximo ano que se inicia. Esse post traz o balanço de 2020 e mais adiante publicarei a postagem das tendências para 2021.

Tinha um vírus no meio do caminho

Depois de um 2019 excelente para as startups, o novo ano tinha tudo para ser ainda melhor, quando o mundo foi atropelado por um vírus. Com os lockdowns, o trabalho remoto forçado e todas as incertezas que vieram junto, o ecossistema de startups entrou em compasso de espera nos primeiros meses. Num estudo feito pelo BID, do qual eu fui dos co-autores, identificamos que 25% das startups havia sido severamente afetadas, por atuarem em setores muito impactados como turismo e entretenimento, enquanto outros 25% estavam surfando uma onda positiva, já que ofereciam soluções cuja demanda cresceu, como e-commerce e trabalho remoto. As demais 50% foram também negativamente afetadas, ainda que de forma menos severa, congelando investimentos e diminuindo o ritmo de crescimento, enquanto tentavam avaliar os cenários.

Rápida retomada: startups também são parte da solução

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Apesar do impacto inicial, as startups aproveitaram muitas de suas vantagens naturais para lidar bem com a crise: por serem menores e mais ágeis, se adaptaram rapidamente, aproveitando-se ainda de ser nativas digitais, já com bastante afinidade com o trabalho remoto. Muitas startups se organizaram inclusive para oferecer soluções durante os períodos mais agudos da crise, seja nas áreas de saúde ou economia. Startups criaram rapidamente soluções que ajudaram a organizar a triagem nos atendimento de emergência de pacientes ou que permitiram comerciantes físicos a vender online.

O boom de aceleração da 'transformação digital'

Num segundo momento as grandes empresas começaram a buscar em startups o caminho para se adaptarem mais rapidamente. A aceleração ainda maior do processo de transformação digital para lidar com os efeitos do isolamento gerou o maior nível histórico de aquisições de startups por grandes empresas. O e-commerce, cujo ecossistema conta com inúmeras soluções oferecidas por startups, teve a maior alta em 20 anos. Soluções de delivery, trabalho remoto, automatização de processos pipocaram e, junto com esse aumento de demanda, veio a retomada dos investimentos. As fintechs também cresceram como nunca. Com todas as transações indo para o online, o dinheiro digital se tornou mais necessário e a abertura de contas por aplicativo foi recorde, sem contar o aumento da demanda por crédito.

Investimento Recorde, mega aportes, unicórnios e IPOs históricos

Tanto movimento no mercado gerou um forte aquecimento nos investimentos. Em agosto, o volume acumulado de aportes já superava todo o ano de 2019, mesmo em plena pandemia. Grandes fintechs e fornecedores de tecnologia para e-commerce, como Nubank, Neon, VTEX e Creditas, receberam mega rounds de investimento na casa das centenas de milhões, até então raramente vistos por aqui, alçando os últimos ao status de unicórnios. Vimos também os IPOs históricos da Méliuz e Enjoei, inaugurando uma nova categoria de empresas na bolsa de valores nacional. 

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Avanços regulatórios: LGPD, PIX, Marco Legal e Open Banking

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No começo do ano eu escrevi que 2020 seria o ano da regulação para startups no Brasil. Mesmo com uma certa desaceleração dessa tendência por conta da pandemia, vimos a entrada em vigor da LGPD - que apesar de avançar em direitos a privacidade, trouxe muitos desafios para as startups. 2020 viu também a implementação do PIX, que em pouquíssimo tempo já têm milhões de usuários e deve modificar o setor de pagamentos, em mais um passo no o avanço de implementação do open banking. O Marco Legal das Startups também foi aprovado pela Câmara dos Deputados no final do ano e segue para o Senado em 2021. Eu aposto que as discussões no campo regulatório vão continuar quentes em 2021, inclusive com temas novos, como regulamentações voltadas para aplicações de inteligência artificial, IoT e o 5G - mas isso é assunto para o próximo post.

Feliz ano novo! Que 2021 nos traga de volta os abraços, sem perder os benefícios tecnológicos que aprendemos.

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