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Dia infernal para bancos digitais no Brasil

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Por Felipe Matos
Atualização:
 Foto: Estadão

Imagem: Ato do Banco Central que aparecia na página do Banco Neon nesta manhãO dia de hoje amanheceu com notícias bombásticas para dois dos principais bancos digitais brasileiros. O Banco Neon teve sua liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central, por "graves violações às normas legais e regulamentares", segundo o ato publicado. Com isso, as operações da fintech foram suspensas, o siste substituído por um aviso do BACEN e o aplicativo encontra-se "em manutenção" nesta manhã.

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No mesmo dia, foi revelado um suposto vazamento de dados de 300 mil clientes do Banco Inter, incluindo dados pessoais, de cartões de crédito e débito e senhas. As informações foram relevadas por um hacker que supostamente roubou os dados e revelou parte deles ao site Tecmundo, que confirmou dados de boa parte dos clientes. O banco, entretanto, nega o ocorrido.

Chama atenção o momento em que ambos os casos ocorrem. O Banco Neon tinha acabado de anunciar hoje um grande aporte de investimentos, de R$ 72 milhões, um dos maiores na chamada fase Série A no Brasil. Já o Inter acabou de abrir seu capital, com suas ações sendo negociadas na bolsa de valores B3.

O Banco Inter divulgou nota sobre o caso (veja abaixo na íntegra). Por ela, afirma que recebeu tentativa de extorsão e que sua segurança não foi comprometida. Em outro comunicado enviado aos acionistas, o banco nega diretamente que tenha havido vazamento.

Eu falei com fontes próximas a ambos. Apurei que, no caso do Neon, a equipe foi pega de surpresa com a notícia da liquidação enquanto comemorava o aporte de investimentos. Além disso, o Neon tem duas empresas, a Neon Pagamentos, que gere o cartão de crédito e a conta digital e o Banco Neon, que estava se inserindo no segmento bancário. Foi a segunda que sofreu a liquidação, portanto os clientes de cartões e contas digitais podem ficar mais tranquilos, uma vez que seus serviços e saldos não seriam afetados. Já no caso do Inter, chama a atenção o oportunismo do momento do suposto vazamento, bem no início da abertura de ações.

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Pelos grupos de empreendedores de startups nos aplicativos de mensagens, não se falava em outra coisa. Muitos apontavam a coincidência dos acontecimentos e especulavam sobre um possível envolvimento de lobby dos grandes bancos comerciais. "Tudo o que eles querem é que as pessoas fiquem com medo dos bancos digitais", disse um deles. Motivos não faltariam. Nessa mesma semana, o banco americano J.P. Morgan publicou pesquisa sobre o processo de abertura de conta-corrente por meio digital em dez instituições financeiras brasileiras e concluiu que os bancos digitais estão na frente. Os melhores colocados? Inter e Neon.

Ainda é cedo para avaliar os impactos desta notícia para fintechs, mas certamente, os empreendedores desse setor deverão redobrar sua atenção sobre questões regulatórias e de segurança da informação.

Notas divulgadas pelo Banco Inter

O Banco Inter comunica que foi vítima de tentativa de extorsão e que imediatamente constatou que não houve comprometimento da segurança no ambiente externo e nem dano à sua estrutura tecnológica. A companhia esclarece, ainda, que comunicou o fato às autoridades competentes e a investigação corre em sigilo. Reforça também que, conforme a Lei 5.250/1967, Art. 16, é crime a divulgação de "notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados" a respeito de instituição financeira, ou para causar "perturbação da ordem pública ou alarma social".

 Foto: Estadão

Nota da Neon Pagamentos

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Referente à liquidação extrajudicial do Banco Neon S.A (atual denominação do antigo Banco Pottencial) divulgada hoje pelo Banco Central, a Neon Pagamentos esclarece que é uma pessoa jurídica distinta do Banco Neon, com sócios e administradores independentes. Portanto, o anúncio não interfere na administração da Neon Pagamentos, que inclusive recebeu aporte recente de fundos de venture capital.

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A Neon Pagamentos ressalta que os recursos depositados em contas de pagamentos dos clientes encontram-se disponíveis para saque e compras por meio de cartão de débito e não serão afetados pela liquidação extrajudicial do Banco Neon.

Em 2016, a Neon Pagamentos e o Banco Neon firmaram um acordo operacional com o objetivo de oferecer contas de pagamento e serviços financeiros relacionados ao mercado. Assim, alguns dos serviços financeiros intermediados por meio do Banco Neon estão temporariamente indisponíveis, como: pagamento de boletos, envio e recebimento de transferências, utilização do cartão de crédito, resgate de Certificados de Depósitos Bancário (CDB) e recarga de celular.

A Neon Pagamentos já toma providências para contar com novo banco liquidante para regularizar a prestação de seus serviços e reforça o compromisso de manter clientes e mercado informados.

Esse post foi atualizado para incluir o posicionamento do Banco Inter e a Neon Pagamentos. Também foi corrigida a informação sobre a fonte do suposto vazamento de dados do Banco Inter, que é o portal Tecmundo - e não Techtudo, como originalmente informado. 

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