PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

No arranque

Crowdfunding brasileiro quer acelerar em 2012

Financiamento coletivo se firma como formato

Por Filipe Serrano
Atualização:

* Publicado no 'Link' desta segunda 23/1.

PUBLICIDADE

Eles ajudaram a lançar discos, a apoiar trabalhos fotográficos, a filmar documentários e até a financiar uma caravana hacker pelo Brasil. Os sites brasileiros de crowdfunding foram tendência ao longo de 2011 e os criadores dos principais plataformas de financiamento coletivo (como o conceito é conhecido) esperam difundir o tema em 2012 e ampliar a quantidade de projetos financiados.

Em um ano marcado pela mobilização digital, os sites de crowdfunding brasileiros criaram plataformas para conseguir financiamento com doações de pequenas quantias de cada usuário pela internet. Geralmente há uma recompensa aos doadores, e, assim, os sites têm ajudado a captar recursos para projetos de todos os tipos.

Há os serviços que apostam em propostas criativas, como o Catarse.me. O site completou um ano na semana passada. De 278 projetos que buscaram financiamento por meio do site, 146 foram bem sucedidos - isto é, conseguiram recursos suficientes para alcançar a meta (o dinheiro só é liberado se o projeto consegue mobilizar pessoas suficientes para atingir a meta). No total, R$ 1,3 milhão, doado por mais de 15 mil pessoas, foi usado para financiar os projetos divulgados pelo Catarse.

O que o site aprendeu com a experiência? "No começo, era um modelo recheado de dúvidas", diz Diego Reeberg, um dos fundadores. "Depois de um ano, a gente percebeu que sim, que no Brasil é possível aplicar o modelo. Mas isso é pouco perto da capacidade que temos. Fazendo uma analogia a carro, 2011 foi um ano para dar a ignição, ver se conseguia fazer o carro pegar, e agora é a hora de correr, acelerar". O Catarse se prepara para mudar o layout no mês que vem e trazer melhorias no código do site, que é aberto a qualquer programador que quiser usá-lo.

Publicidade

Apesar de ter ajudado a financiar 30 projetos em 2011, Bruno Pereira, um dos fundadores do Movere.me, acredita que ainda é preciso quebrar a desconfiança das pessoas que lançam seus próprios projetos na rede. Para ele, o site ainda funciona como "um Sebrae", ajudando os criadores a fazer todo o planejamento de cada projeto. É por isso, diz ele, que a maioria das iniciativas que teve sucesso era da área cultural. "Por causa de leis de incentivo, é um setor mais acostumado a captar dinheiro", diz.

Outra barreira a ser superada é a ideia de que a divulgação dos projetos depende apenas dos próprios sites de crowdfunding. No Catarse, a maioria das doações vem de pessoas que fazem parte da própria rede de contatos dos criadores de cada projeto. "Diria que são 70% dos financiamentos", afirma Reeberg.

O Queremos, um dos pioneiros a usar o conceito de crowdfunding, também deve estrear uma nova versão do site em um mês. O site começou em 2010 organizando uma espécie de "vaquinha" online para trazer bandas ao Brasil. Em 2011, foram mais de 20 shows de bandas como LCD Soundsystem e Vampire Weekend, todos no Rio.

"Estamos com planos de expandir, ir para outras cidades e abrir a outros gêneros", diz Bruno Natal, um dos fundadores. "A gente pretende estar inserido em mais lugares, trabalhar com mais artistas e até em parceria com eles, usando o Queremos como um selo", afirma. Por ter um modelo simples de financiamento (o usuário paga e, se o show der certo, pode receber o dinheiro de volta), o Queremos foi um dos que mais fizeram sucesso. Mas nem todos os sites de crowdfunding são voltados para a área cultural.

O engenheiro André Gabriel percebeu que o modelo poderia ser uma boa forma de arrecadar recursos para projetos sociais. Como tinha vontade de trabalhar nesta área, ele criou há três meses o Lets.bt para promover as pequenas doações. Entre alguns dos projetos no ar, há formas de ajudar pessoas que sofreram com as chuvas em Minas Gerais, por exemplo.

Publicidade

"Agora que grandes organizações estão entrando em contato com a Let's. A velocidade do terceiro setor é mais lenta do que a dos projetos criativos", disse. André diz que os novos projetos podem atrair outros interessados na plataforma de financiamento coletivo.

Siga o blog também no Twitter e no Google+.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.