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São Paulo tem vocação para se tornar um Vale do Silício?

Poucas iniciativas públicas caminharam

Por Filipe Serrano
Atualização:

* Publicado no 'Link' em 19/3/2012.

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A capital paulista tem sido sede dos mais recentes movimentos de negócios na internet. Foi aqui que surgiu o Peixe Urbano, que inaugurou o frenesi das compras coletivas no País em 2009. Também foi aqui que os grandes da área (Google, Facebook, Yahoo e Microsoft) instalaram seus escritórios. Embora as filiais concentrem mais equipes de áreas comerciais que de desenvolvimento, a cidade tem sido um centro de negócios digitais cada vez mais importante. Afinal, o setor de tecnologia da informação emprega mais de 140,7 mil pessoas na região metropolitana, 34% do total de vagas com carteira assinada do País.

O crescente interesse em criar novos negócios de tecnologia tem atingido o mundo todo, mas a tradição da cidade como centro financeiro e comercial tem favorecido São Paulo no caso brasileiro. A cidade é o ponto de entrada de investidores estrangeiros em busca de oportunidades no Brasil, além de ter o maior mercado consumidor.

"Hoje há investidores vindo para o Brasil querendo montar modelos de negócios que já existem lá fora e não conseguem achar startups para comprar", me disse Franco Lazzuri, que coordena a área de tecnologia do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), em uma visita ao local.

A organização funciona em um prédio dentro da área do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), no câmpus da USP, e atua desde 1998. É bastante conhecida no meio do empreendedorismo. Seus corredores abrigam 139 empresas nascentes, que passam entre dois e três anos e meio no conjunto e recebem consultoria para se estruturar e atrair os primeiros clientes e investimentos. Pouco mais de um terço é da área de tecnologia.

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As empresas são selecionadas em uma avaliação que ocorre a cada quatro meses. É preciso ter um modelo de negócio e, principalmente, uma proposta inovadora. "Tem que ter inovação", disse Sergio Risola, diretor-executivo.

Uma das empresas que acabam de sair de lá é o site Ningo, fundado por Paulo Rogério Vieira e Luis Roberto Pereira Leite. Funciona como um buscador de preços que também permite fazer compras, em diferentes lojas online, comprando diferentes produtos ao mesmo tempo. A ideia recebeu um investimento inicial para se expandir.

Em outras regiões do País, incubadoras como o Cietec, universidades, institutos especializados e empresas são responsáveis pelo avanço na área de tecnologia, mas São Paulo nunca conseguiu criar um parque tecnológico como outras cidades. Poucas iniciativas do poder público foram para frente, apesar do longo histórico de negócios na área e da presença centros especializados de pesquisa e de educação.

A mais recente delas, um projeto da prefeitura chamado São Paulo IDeias Novas (Spin), está "suspensa", de acordo com a administração, à espera de aprovação do orçamento, sem previsão para ocorrer. A ideia era abrigar no Cietec, durante um ano, 100 projetos de alunos das principais faculdades da cidade, especialmente voltados para inovação e tecnologia. A previsão era que a seleção ocorresse neste mês para coincidir com o calendário das universidades.

"Todas as cidades do País não precisam ter todos os tipos de atividade", disse o professor Marcus Vinícius Peinado Rodrigues, do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "É importante ter uma política? É. Mas a falta dela não atrapalha o desenvolvimento da cidade (no caso de São Paulo)." Ele, Renê Fernandes, diretor do centro de empreendedorismo da FGV, e outros professores fizeram uma cartilha de políticas públicas para o empreendedorismo lançada na sexta-feira.

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Para Fernandes, o caso do Porto Digital, em Recife, é exemplo de uma articulação entre poder público, a universidade e o setor privado que ajudou a desenvolver a área de tecnologia na região.

São Paulo depende menos do governo, mas os empreendedores e investidores daqui têm hoje o dever de manter vivo o ciclo de negócios se a cidade quiser desenvolver e continuar sendo uma economia que se reinventa.

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