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Máquinas e aparelhos

A inteligência do relógio da Apple

O relógio da Apple conseguiu resolver alguns dos dilemas da minúscula tela do dispositivo

Por Camilo Rocha
Atualização:
 Foto: Estadão

É um esporte praticado todos os anos em época de lançamentos de produtos da Apple. Consiste em disparar frases de desdém e gozação na direção de qualquer coisa nova que a Apple lance.

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Normal. A Apple foi unanimidade por muito tempo e isso mexe com brios menos conformistas. O deslumbramento de seus admiradores mais empolgados, daqueles que pegam filas de três dias para comprar um iPhone novo, é sempre constrangedor. Há também uma boa parcela de críticos que adora dizer que a empresa perdeu a capacidade de inovar.

Um exemplo desse tipo de gozação foi uma imagem divulgada logo depois do lançamento da empresa na semana passada. A peça relacionava recursos novos do iPhone que o smartphone Android Nexus 4 já tinha desde 2012, como o sistema de pagamentos NFC e a tela maior.

O iPhone 6 e 6 Plus estão de fato "atrasados" em alguns quesitos. Por outro lado, menosprezar o Apple Watch, o relógio conectado que a empresa apresentou no mesmo evento dos iPhones, seria um equívoco enorme.

Se o produto final corresponder ao que foi exibido, estaremos diante de um feito Apple "à moda antiga". A concorrência poderá então voltar para a sala de desenho e começar tudo de novo, incluindo a Samsung que já lançou seis modelos de relógios inteligentes, nenhum particularmente esperto.

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Quando a Apple apresentou o iPhone e o iPad, deu sentidos não imaginados a produtos que já existiam, mas que ainda eram limitados em funcionalidades. O Apple Watch pode fazer isso pelos relógios inteligentes? É possível.

A característica que salta aos olhos no relógio da Apple é a maneira como ele resolveu alguns dos dilemas da minúscula tela desse tipo de dispositivo. A navegação por aplicativos e arquivos, por exemplo. Até agora, os relógios lançados lidavam com isso colocando alguns poucos ícones de apps no visor inicial do aparelho ou fazendo o usuário mudar a tela diversas vezes.

No Apple Watch a navegação se faz através de um botão lateral chamado "digital crown" ("coroa digital"), que funciona como controle de zoom e rolagem. Com ele, pode-se navegar por coleções grandes de informação, sejam as dezenas de aplicativos da tela principal, uma ferramenta de mapas ou um álbum com centenas de fotos. Tudo sem sair da mesma tela.

O dispositivo da Apple também inclui uma solução de comunicação que parece feita na medida para esse tipo de equipamento. Através dela, um usuário pode "cutucar" digitalmente, com um sinal simples, outra pessoa que estiver por perto usando o relógio. Mais ágil do que digitar uma mensagem ou ligar.

O relógio da empresa também parece ter conseguido uma boa maneira de alertar o usuário sobre notificações de aplicativos (SMS, WhatsApp, Facebook), que é uma das grandes utilidades do relógio inteligente, fazendo com que o usuário não precise toda vez olhar na tela do smartphone associado. Através do chamado motor Taptic, um pequeno movimento, similar a uma batidinha no pulso do usuário, mas diferente de uma vibração, é realizado para dar o aviso.

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Ainda não se sabe muita coisa sobre o novo produto, de armazenamento à capacidade de bateria. E o fato dele não ter GPS próprio é decepcionante. Mas o Apple Watch ainda não é um produto final e algumas de suas soluções serão de grande valia para uma categoria de dispositivos que ainda precisa provar a que veio.

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