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Máquinas e aparelhos

A televisão dos nossos tempos

‘As pessoas não pensam mais em televisão como o aparelho, e sim como o conteúdo'

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Por Camilo Rocha
Atualização:
 Foto: Estadão

Quem circula pelas ruas de São Paulo já deve ter visto os anúncios do YouTube em pontos de ônibus e relógios públicos. Mostram um canal de sucesso do site (como o Porta dos Fundos, por exemplo), seu número de visualizações (sempre na casa dos milhões) e uma frase brincalhona de assinatura.

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Por que o YouTube está fazendo anúncios no mundo carne e osso do offline? Segundo sua assessoria, a ideia é apresentar a plataforma a pessoas e anunciantes que ainda não a conhecem. Ao mostrar canais específicos, também procura ressaltar o YouTube como "destino de entretenimento". Em outras palavras, mais semelhante a uma emissora de TV convencional. Muitos ainda pensam no YouTube como um site de vídeos amadores de gatinhos e gravações ruins de shows.

Não se costuma pensar no YouTube como opção de televisão. Mas é isso que ele é. Na plataforma, pode-se encontrar vídeos jornalísticos, documentários sobre o mundo animal, shows de música, clipes de humor, até longa-metragens na íntegra.

O YouTube conta com milhões de acessos em todo o mundo. Segundo número recente da ComScore, só no Brasil são 60 milhões de pessoas. A TV paga, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), está presente em 18,5 milhões de domicílios.

Não há no Brasil ainda registro de que a internet roube audiência das emissoras de TVs convencionais e sim de que a complemente (em julho, a ConsumerLab divulgou que acima de 60% dos brasileiros assistem TV e acessam a internet ao mesmo tempo). Nos EUA, porém, o serviço Netflix já tira espectadores da TV por assinatura.

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Seja qual for a situação, os hábitos estão mudando. No novo cenário, é preciso alargar o conceito de "televisão" para abarcar o aparelho da sala, o smartphone, o tablet, o computador, o settop box. Segundo o YouTube, 40% do seu acesso é feito através de plataformas móveis, cada vez mais populares.

"As pessoas não pensam mais em televisão como o aparelho, e sim como o conteúdo." A frase é de Jeremy Helfand, vice-presidente da Adobe Primetime, divisão de TV digital da Adobe (conhecida como a criadora do Photoshop) em um vídeo de apresentação de uma nova ferramenta de medição de audiência de televisão online, criada em parceria com a Nielsen (equivalente ao Ibope nos Estados Unidos). A ideia é aferir uma quantidade maior de plataformas com o intuito de mensurar números de audiência online.

O ideal seria que fosse possível medir comparativamente o conteúdo de todas as telas. Daria, por exemplo, para saber se um novo vídeo do Porta dos Fundos no YouTube está sendo visto por mais gente que muitos canais de TV aberta. Seria possível comparar a chegada da nova temporada de uma série como House of Cards, no Netflix, com o desempenho de um programa de humor do Multishow. Informação valiosa, sem dúvida.

Quando a indústria musical começou a incluir visualizações no YouTube em suas contagens de desempenho, por exemplo, novos artistas ficaram em evidência. Um dos primeiros a se beneficiar da nova métrica nos Estados Unidos foi o produtor Baauer, autor de "Harlem Shake", hit "social" e viral que não tinha presença em rádio ou lojas de downloads, mas que chegou ao primeiro lugar da parada de sucessos da revista Billboard.

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