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Máquinas e aparelhos

Homens ao volante, perigo constante

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Por Camilo Rocha
Atualização:

Uma pesquisa divulgada esta semana diz que um terço dos americanos apoiaria leis de restrição a motoristas humanos em um contexto em que carros autônomos provassem ser mais seguros que os carros conduzidos por pessoas. A pesquisa foi conduzida pelo Google, que desenvolve o mais famoso programa de carro sem motorista em andamento hoje.

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Pense bem no radicalismo deste conceito: leis barrando seres humanos de pegar no volante. Para a nossa cabeça de hoje em dia, chega a ter um aroma de totalitarismo do tipo que se lê em ficção científica distópica, onde homens ficam a serviço das máquinas.

Mas vamos ser menos dramáticos e refletir: o que temos atualmente é bom? Pegue uma estrada brasileira por meia hora para ter sérias dúvidas. É gente trafegando em velocidade acima do permitido, fazendo corte e costura pelas faixas, colando na sua retaguarda com farol alto querendo passar. Ultrapassagem pela direita, então, virou a coisa mais normal do mundo. A imprudência e o comportamento de alto risco são assustadoramente normais. Não é por acaso que a cada ano perdemos 45 mil vidas em acidentes o País. Países como o Brasil são um case de fracasso na longa e apaixonada relação entre homem e veículo automotivo.

Um passeio por uma rodovia dinamarquesa seria outra experiência? Claro, mas mesmo lugares mais seguros não estão livres do erro e da imprudência humana. A própria Dinamarca nos últimos anos precisou tomar medidas drásticas para reduzir o que considerava um alto índice de motoristas desrespeitando os limites de velocidade. Entre 2010 e 2013, o país reduziu em 31% as mortes no trânsito.

Em qualquer lugar do mundo, porém, se não fossem as leis, as multas, a fiscalização e os radares, uma parcela razoável dos seres humanos faria grandes besteiras ao volante. Muitos o fazem mesmo com todas as restrições.

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Num mundo dominado por carros autônomos, esses problemas diminuiriam drasticamente. O veículo que dirige sozinho é programado para obedecer as leis, dar seta, frear para pedestres, manter distância, rodar dentro da velocidade ou não vacilar no cruzamento. O dono pode seguir tranquilo no banco do passageiro, olhando a paisagem, tirando um cochilo ou bebendo uma long neck de cerveja.

(sim, eu sei que aconteceram alguns acidentes com carros autônomos, mas lembre que eles ainda estão em fase de testes)

Me parece um mundo bem atraente. Fortes são os indícios de que um dia chegaremos nele. E um dia, pelos idos de 2150, as pessoas vão encarar aquele violento século e meio onde seres humanos podiam dirigir com o mesmo estranhamento que olhamos para fotos de mulheres grávidas fumando ou transporte público puxado por cavalos.

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