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Máquinas e aparelhos

Apple Watch e o real início da 'era Tim Cook' na empresa

Até agora os aparelhos da Apple têm feito sucesso estrondoso no mercado; o Apple Watch mostrará se a marca ainda tem esse poder

Por Camilo Rocha
Atualização:
 Foto: Estadão

Dizer que a Apple não era mais a mesma depois da morte de Steve Jobs era uma avaliação repetida na mídia a ponto de virar clichê. De fato, sob a asa de Tim Cook, que sucedeu Jobs na empresa, nada foi lançado que igualasse o impacto gerado pelas aparições dos primeiros iPhone e iPad.

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O relógio que a empresa apresentou nesta terça-feira está finalmente dando um pouco desse gosto a Cook. A repercussão do produto nas redes sociais e mídia especializada eclipsou os novos iPhones (que, a bem da verdade, não trouxeram nenhuma novidade substancial além dos tamanhos maiores e tela e processadores melhores).

É claro, sempre há, e sempre em volume razoável, a turma do "esperava mais".

Não é justo com Cook. Assim como o iPhone fez com o smartphone, o Apple Watch pegou um produto existente e o transformou em uma proposição bem mais atraente e eficiente.

Em primeiro, o design não só é bonito e elegante, mas atende a "todo mundo", como diz o site da empresa. A sacada é simples: três versões do produto, tradicional, esportiva e premium, cada uma com muitas opções de pulseiras. É lógico: um produto "vestível" tem que provocar vontade de ser usado. E poucas coisas são mais pessoais do que o estilo de vestir.

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Com as muitas opções de relógio, a Apple aumenta o alcance de seu produto em meio ao público. A Apple pensou assim como uma empresa de vestuário e não de tecnologia. Já apontava para isso ao convidar jornalistas de moda e estilo para cobrir o lançamento. A Vogue norte-americana disse que, com o Apple Watch, "a batalha hi-tech para recolonizar o pulso despido do século 21 acaba de acelerar com força total".

Depois, a Apple resolveu a complicação de uso que existia em modelos de smartwatches apresentados por empresas rivais. Nestes, geralmente o usuário tinha que realizar alguns movimentos na tela de toque para chegar ao aplicativo desejado. A Apple jogou tudo na tela principal, com o acesso sendo feito através de um botão na lateral do relógio. Com o kit de desenvolvimento já disponibilizado para desenvolvedores, pode-se esperar uma proliferação de aplicativos para o novo produto.

É claro que ainda falta combinar com os consumidores. O produto não é barato (a partir de US$ 349) e os usuários têm que decidir se precisam de mais esta engenhoca em sua vida. Ele precisa ter por perto um iPhone (do modelo 5 em diante) para operar a grande maioria de suas funções, como por exemplo, ouvir música, fazer um pagamento ou usar a assistente pessoal de voz Siri. Muita gente pode decidir que dá na mesma ter apenas o smartphone.

Até agora, os relógios conectados, com modelos lançados por empresas como Samsung, LG e Sony, ainda não pegaram. Prevê-se um crescimento saudável para a categoria até 2020. Uma estimativa da Grand View Research diz que esse tipo de produto deve vender 135,3 milhões de unidades até 2020. Em 2013, eles venderam 2 milhões de peças.

Na concorrência, há quem deposite na Apple a responsabilidade de fazer esse futuro promissor se tornar realidade. Matéria da Reuters realizada na feira de eletrônicos IFA, em Berlim, trazia declarações de executivos de empresas rivais apostando nisso. "Se a Apple oferecer seu próprio produto, ela ampliará o mercado", declarou Sung-jin Lee, diretor da equipe de planejamento de relógios da LG Electronics, em entrevista. "Isso é o que queríamos", fez coro Sunny Lee, um executivo da Samsung.

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A Apple é uma empresa que reinventa muito mais do que inventa. Do tocador de MP3 iPod ao tablet iPad, seus lançamentos se caracterizam por aprimorar produtos existentes, nunca por começar do zero. Junto de seus produtos, há sempre uma preocupação em oferecer um ecossistema de aplicativos e ferramentas que faça a experiência de uso ter mais sentido e diversidade.

Até agora, através dessa abordagem, seus aparelhos têm feito sucesso tão estrondoso que mudam a cara do mercado. O Apple Watch mostrará se a marca ainda tem esse poder.

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