Netflix completa um ano de operação no País e quer investir em produção brasileira exclusiva
LOGIN Reed Hastings, CEO e fundador do Netflix
Há muitas reclamações sobre conteúdo velho no Netflix. É porque vocês estão no final da fila do licenciamento, certo? Depois que um filme sai do cinema, ele vai para DVD, depois locadora, depois PPV e só por último chega no Netflix.
Estamos no meio da fila, não no fim. Depois de nós ainda tem conteúdo com anúncio. Mas sim, não estamos em primeiro. Se você faz filmes vai priorizar lugares onde se paga mais, como cinema, DVD, iTunes, isso é claro. Mas estamos trabalhando para ter mais conteúdo exclusivo, novo e antigo.
Não valeria a pena oferecer filmes pay-per-view (PPV) e ter mais novidades?
Acreditamos em focar num produto só. Há muita gente fazendo PPV como Amazon e iTunes e não podemos ser tudo. As pessoas podem assistir a coisas no YouTube, a notícias e esportes na TV e a filmes no Netflix.
Nunca vão oferecer outros tipos de plano, então?
Muitos brasileiros nem conhecem o Netflix, temos de deixar tudo bem simplificado. Nos EUA é assim, e em qualquer país também. Ainda temos muito para crescer com o modelo de preço único (R$ 14,99/mês).
Netflix está disponível em várias plataformas. Qual a proporção do uso no Brasil?
As pessoas usam o serviço em plataformas diferentes. Segue um padrão parecido com outros países. Em geral, as pessoas começam usando no laptop. Conforme usam mais, procuram comprar uma SmartTV que já tenha o aplicativo do Netflix.
Você acha que o Netflix funciona bem em dispositivos móveis?
Particularmente, não. As redes de 3G ainda não são boas o bastante. Em Wi-Fi funciona melhor. Então rodamos bem em tablets, em plataformas ligadas à TV ou no PC. Isso mostra nosso potencial. Imagine quando o 4G ficar comum ou a banda larga for mais rápida. Se hoje a conexão parece lenta, lembre como era há cinco anos. E em cinco anos, a velocidade média será 8 Mbps e não 2 Mbps.
Vocês têm investido em conteúdo próprio nos EUA. Há planos de fazer o mesmo no Brasil?
Nos EUA, estamos com duas séries de alta qualidade. House of Cards, dirigida por David Fincher, e Arrested Development. No Brasil, já começamos a investir. Temos conteúdo exclusivo de stand-up comedy, com humoristas como Rafinha Bastos, Marcela Leal e outros. Está nos nossos planos produzir mais coisas. Como séries feitas por profissionais daqui, mas que possam ser transmitidas para outros países.