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Máquinas e aparelhos

Quanto vale o show da música digital?

Serviços de streaming de música duelam em oferta de acervo e número de usuários, mas ainda precisam convencer usuários a pagar

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Por Camilo Rocha
Atualização:
 Foto: Estadão

A quase certa compra da Beats pela Apple deve acontecer nesta semana. Para quem não acompanhou, a potência de Cupertino teria pago US$ 3,2 bilhões por uma empresa fundada por dois veteranos da indústria musical, os produtores Jimmy Iovine e Dr. Dre, e que fez seu nome com fones de ouvido estilosos e um recém-lançado serviço de streaming musical.

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A Beats Music só tinha atingido 200 mil usuários, mas proporcionaria à Apple uma maneira de ingressar nesta nova etapa do consumo de música, em que ouvintes não baixam mais música e sim a escutam direto da internet. Depois de reconfigurar a indústria musical com o iTunes e o iPod no começo da década passada, a empresa fundada por Steve Jobs andava cochilando neste desdobramento mais recente.

A notícia joga mais lenha em um debate em que não se enxerga uma conclusão a curto prazo: o streaming musical é um negócio viável? Apesar de recebido pela indústria fonográfica como colete salva-vidas em naufrágio, é um setor em fase de implementação, em que o dia de amanhã ainda não está garantido.

Até agora, os serviços de streaming têm mantido bastante segredo sobre seus números. Mesmo o que se divulga é colocado em dúvida. Citando fontes de bastidores, o Financial Times questionou em reportagem os 6 milhões de assinantes que o Deezer alega ter, acusando a empresa de inflar seus números ao incluir usuários que receberam uma assinatura como parte de pacote de operadora mas que não chegaram a ativar o serviço.

O caminho do Deezer no Brasil tem sido no mínimo curioso: no começo, o usuário ganhava dois meses de uso gratuito e depois começava a pagar. O período gratuito foi depois esticado para seis meses. Recentemente, o Deezer foi além e dividiu o serviço entre uma modalidade totalmente gratuita e duas pagas.

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A demora da chegada do sueco Spotify ao Brasil traz pistas sobre um dos motivos que complica a rentabilização do streaming de música. Segundo informações de bastidores, espinhosas negociações com gravadoras e editoras musicais teriam segurado o lançamento do serviço no País, esperado inicialmente para o fim do ano passado e que finalmente deve ocorrer no final de maio. A mordida do licenciamento de músicas é profunda. Em 2012, executivos da empresa no exterior disseram que 70% de sua receita se destinava ao pagamento de direitos.

As empresas de streaming precisam de muitos milhões mais de assinantes para gerar lucro líquido. O Spotify declarou que conseguiu diminuir seus custos operacionais de 2012 para 2013. Mesmo assim, seu prejuízo aumentou entre os dois anos, indo de US$ 58,8 milhões para US$ 77,4 milhões.

Mas talvez o maior obstáculo dessas empresas seja convencer o público a pagar por algo que existe de graça na internet (o acervo ilimitado do YouTube esta aí para provar). A tarefa é ainda mais difícil quando se trata de gerações mais jovens e países como o Brasil, onde a pirataria é um ingrediente do dia a dia.

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