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Inovação e Tecnologia

A mudança do iOS 9 que pode transformar a forma como você navega na web

Liberação dos bloqueadores de propaganda na Apple App Store chacoalhou a internet

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:

Reprodução

 

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Não se fala em outra coisa por aqui. Blogs e jornais norte-americanos não se cansam de debater o desafio que a Apple decidiu impor à publicidade. Há duas semanas, ao lançar o novo iOS 9, a empresa comandada por Tim Cook deu um passo inédito: passou a permitir o download de aplicativos que bloqueiam propagandas (adblockers) na web. E eles tornaram-se rapidamente os apps mais amados e odiados da internet.

A estratégia foi vista inicialmente como uma afronta direta ao Google. A gigante das buscas foi uma das pioneiras a explorar o mundo dos anúncios online que hoje domina, ao lado do Facebook. São os anúncios que ainda hoje garantem a maior fatia das receitas da empresa e pagam as contas do Google. Imagine o tamanho do impacto nos negócios da empresa se de repente todo mundo começar a usar um bloqueador de propagandas?

Já a Apple quer manter a experiência de navegação no seu precioso iPhone impecável. E como não depende de anúncios para sobreviver, escolheu como opção livrar-se deles. Oficialmente, a empresa disse que seu objetivo é dar mais poder de escolha aos usuários do iPhone.

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O efeito foi imediato. Os apps bloqueadores de anúncios logo foram parar no topo das listas de download da Apple App Store e agradaram o consumidor. Já o impacto para quem produz conteúdo na web e depende desses anúncios para bancar seu trabalho foi tamanho que, dias depois, o criador do app mais popular da lista retirou o seu app do mercado alegando peso na consciência.

Quem testou os chamados apps adblockers alega que esse apps aumentam a velocidade de navegação - algo extremamente sedutor em países com baixa qualidade de banda larga como o Brasil - e trazem também uma certa sensação de tranquilidade ao remover o ruído dos anúncios durante a navegação na web pelo celular. Uma vez que o acesso à internet é cada vez menos feito pelo desktop, e no mundo mobile os anúncios ocupam mais espaço na tela, é compreensível que consumidor fique incomodado e tente encontrar um jeitinho próprio de lidar com o que o incomoda.

O que mais se discute no momento, porém, é o apocalipse que essa pequena mudança no iOS pode causar em toda a internet e o risco de que esse pequeno incentivo ao uso dos adblockers leve vários negócios que dependem de anúncios a sofrer perdas financeiras, enquanto as gigantes que controlam a forma como nos relacionamos com a web, como a Apple, podem ganhar ainda mais poder e controle sobre o conteúdo que se vê na web. Além disso, varejistas online estão sendo afetados, já que esses apps também estão bloqueando alguns recursos dos seus sites.

O que tudo isso significa? Que talvez chegamos ao colapso do que alguns chamam de anúncio 1.0, o fim da era do caça-clique, e que este seja o momento de um novo modelo de negócio mais simpático ao usuário surgir. Os bloqueadores de anúncios colocam o poder de escolha na mão do consumidor e já há indícios de que mais de 200 milhões deles escolheram bloquear os anúncios. Isso significa muito. Mas é também uma oportunidade incrível de se repensar como as coisas estão sendo feitas na web.

Por outro lado, os bloqueadores de anúncios existem há tempos e já são muito usados nos desktops - inclusive por meio de extensões do Google Chrome - sem causar tanto impacto no mercado. Ainda é cedo para saber o impacto real que eles terão nos acessos por dispositivos móveis.

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O que parece é que cada vez mais assistimos a pequenos duelos das gigantes da tecnologia pelo domínio da rede - é como se estivéssemos em uma guerra dos tronos liderada pelas gigantes Apple, Google e Facebook - e que o sonho da internet aberta ficou para trás. Algo como um grande jogo de xadrez. Saber quem dará o xeque-mate em quem é missão difícil, mas será que é essa internet que vamos querer?

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