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Inovação e Tecnologia

O fim do otimismo com as gigantes de tecnologia

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

Uma nova era começou para as empresas de tecnologia na última terça-feira, 10, quando o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi a Washington D.C., nos EUA, prestar depoimento ao Congresso norte-americano.

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O novo momento é marcado por ceticismo, investigações e regulações. É o fim da crença de que as empresas de tecnologia poderiam buscar modelos financeiros mais sustentáveis, menos agressivos e mais focados nas necessidades dos usuários.

O sonho da internet aberta e gratuita não vingou. As promissoras startups do passado são hoje gigantes que dominam a web e lucram com um modelo de negócio bem antigo, baseado em anúncios. No lugar, sobrou descrença e a certeza de que há um preço alto a ser pago pela conectividade.

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Um dos momentos mais representativos dessa mudança foi quando, no depoimento da terça-feira, um senador questionou se era verdade que um dia o lema do Facebook foi "mova-se rápido e quebre coisas".

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A frase, que um dia já foi tão celebrada no mundo das startups como símbolo da originalidade e das mudanças positivas que as startups poderiam gerar, definitivamente não foi mencionada com entusiasmo dessa vez.

O senador se referiu ao lema como representativo de uma cultura agressiva que acredita ter poder suficiente para se apropriar de informações pessoais e quebrar regras sem pedir licença ou prestar contas. Uma cultura que acredita que o marketing seria suficiente para convencer as pessoas de que a exploração de seus dados pessoais como modelo padrão é o caminho óbvio. Se o usuário quer privacidade, que explore por contra própria menus escondidos para encontrar controles que existem, mas que tampouco são suficientes para garantirem que qualquer pessoa tenha total controle dos seus dados se assim desejar.

Os dois dias de interrogatório de Zuckerberg foram simbólicos, mas o sentimento de analistas -- e, dizem, dentro do Facebook -- é de que ele se saiu bem. Apesar da pressão, ficou claro que os membros do Congresso não tinham uma agenda em comum nem entendiam com clareza o modelo de negócios do Facebook. Em outras palavras, um movimento pró-regulação existe, mas ainda não sabemos se vai vingar.

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Embora o saldo final não seja de que os depoimentos de Zuckerberg geraram urgência no legislativo, é difícil imaginar que tudo voltará a ser como era antes. A pressão da imprensa é crescente nos EUA. E no Vale do Silício ninguém acredita que a crise ficará apenas no Facebook.

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O CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, também esteve em D.C. esta semana. O CEO do Linkedin, Jeff Weiner, estaria com viagem marcada para a capital dos EUA. E especula-se que o Google, que junto com o Facebook lidera o mercado de anúncios digitais, será a próxima vítima de escrutínio público.

Seja com for, as gigantes de tecnologia falharam com o público, que sempre lhe deu o benefício da dúvida. A promessa do tal mundo melhor da tecnologia nunca pareceu tão distante como nos tempos atuais.

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