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Inovação e Tecnologia

A tecnologia pode aumentar nossa empatia?

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

A mudança de governo e uma série de novas medidas anunciadas pelo presidente Donald Trump estão agitando os EUA. A maior polêmica até agora é a proibição da entrada de refugiados e cidadãos de sete países nos EUA por alguns meses. Enquanto uns acham a medida necessária para garantir a segurança nacional, outros falam de racismo e xenofobia. De ambos os lados a queixa é de que falta empatia.

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A tecnologia é geralmente considerada uma vilã das relações pessoais. Os algoritmos das redes sociais, por exemplo, foram acusados de nos colocarem em uma bolha de opiniões semelhantes às nossas resultando em polarização política -- não só nos EUA, mas em diversos outros países do mundo como o Brasil. (A revista Motherboard publicou um excelente e assustador artigo sobre como os dados sobre os usuários do Facebook foram usados pela campanha de Trump para ganhar as eleições. Vale ler o artigo na íntegra, em inglês).

Mas será que a internet não pode ser usada também para gerar empatia?

Um novo estudo patrocinado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) descobriu que jogos de videogame podem ser uma ferramenta para aumentar o entendimento e a empatia entre as pessoas ao redor do mundo.

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Essa melhora na empatia é percebida após alguém jogar o que eles chamam de"jogos sérios". Tratam-se de games com foco em questões sociais e educacionais. Imagine um game no qual o jogador é um refugiado sírio que precisa encontrar um país para o abrigar. Para avançar, o jogadorprecisa se colocar no lugar de um refugiado e tomar decisões que o obrigam a pensar sob um ponto de vista diferente do seu.

Segundo o estudo, esse tipo de jogo permite que os jogadores entendam nuances sociais, diminuam seus preconceitos e melhorem suas atitudes em grupo. "É difícil ter empatia se você não se coloca no lugar de outra pessoa," escreveu Paul Darvasi, o pesquisador que conduziu o estudo.

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O estudo da Unesco concluiu que esse tipo de game pode gerar mais empatia nas pessoas do que se elas assistirem a um documentário sobre o mesmo assunto. Darvasi explica que o jogo é imersivo e requer que o jogador tome ações que vão levar a consequências boas ou ruins. Por isso, esses jogos não apenas geram empatia, mas também aumentam o entendimento do jogador sobre uma realidade diferente.

"Quando você assiste ao noticiário ou a documentários, você pode não se sentir conectado com os problemas. Os jogos de videogame permitem que você faça uma imersão e possa tomar uma ação. Suas ações terão consequências no jogo e, como resultado, há um investimento emocional e cognitivo maior", afirmou Darvasi, em entrevista ao site Polygon.

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Essa não é a única tentativa de usar a tecnologia para criar um mundo mais empático.

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Realidade virtual

Desde que a realidade virtual começou a se popularizar muito se fala sobre o seu potencial em gerar empatia.Jeremy Bailenson, da universidade de Stanford, na Califórnia, é um dos pesquisadores que têm se dedicado ao assunto. Em uma entrevista para a revista Wired, ele disse que avatares (representações humanas no mundo virtual) permitem que as pessoas se vejam realizando algo que nunca imaginaram. A realidade virtual potencializa o efeito, já que há uma imersão total em um novo mundo.

Alguns testes de empatia com realidade virtual, por exemplo, colocam as pessoas no lugar de refugiados ou de um idoso. Ao se depararem com essa nova realidade, as pessoas passam a ter mais empatia com o grupo que elas representaram.

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As amostras desse tipo de estudo, porém, ainda não são suficientes para determinar se a realidade virtual efetivamente aumenta a empatia.

Bailenson atualmente conduz um estudo com 1 mil voluntários de diversas origens para entender com mais clareza se a realidade virtual pode nos tornar pessoas melhoras. Ao mesmo tempo, investiga o quanto é possível manipular a realidade por meio dessa tecnologia (o que poderia gerar casos de abuso).

Por fim, a grande dúvida é quanto tempo a empatia dura depois que o experimento termina. É possível gerar mais empatia no longo prazo ou a melhora no entedimento sobre outras realidades some depois que a experiência acaba? Essas são perguntas ainda sem resposta.

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