O dia da política e dos direitos autorais

Piratas na área (Flickr/Campus Party)

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Por Redação
Atualização:

Se o objetivo desse ano era uma Campus Party mais política, a promessa foi cumprida - pelo menos nessa quarta-feira. Marcelo Branco, diretor do evento, estava feliz. "Acho que o debate está sendo de boa qualidade", disse ele ao Link.

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No começo da tarde, Scott Goodstein - o homem que coordenou a campanha online de Barack Obama - falou que o consumo de informação está acontecendo de maneira pulverizada. Hoje, segundo ele, é fundamental o papel das redes sociais nesse tipo de campanha: o público percebe que está mais perto do candidato.

Marcelo Branco, porém, destacou outro aspecto político do dia: a rodada de debates em torno do direito autoral. Afinal, em um lugar em que uma das principais atrações é uma conexão de 10GB - e, claro, suas possibilidades de troca de arquivos - não dá para fugir desse tema.

"O direito penal não consegue segurar essa galera toda. Eu vou falar para eles não baixarem alguma coisa?", provocou Túlio Vianna, professor-adjunto da Faculdade de Direito Penal da UFMG e ativista contra o cerceamento da liberdade na rede.

O debate sobre Direitos Autorais e redes P2P foi o que mais inflamou os ânimos. De um lado, estavam Vianna, José Murilo Jr, do Ministério da Cultura, e Thiago Novaes, do Descentro. Todos partidários do compartilhamento. E, do outro, estava um solitário Márcio Gonçalves, advogado que trabalha contra a pirataria há 15 anos e afirma nunca ter baixado nada.

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Thiago Novaes e o advogado Márcio Gonçalves (Flickr/Campus Party)

A plateia se inflamou com questionamentos e o debate durou 35 minutos a mais do que o planejado. A lógica fabril da indústria cultural mudou, porque é que temos que continuar na mesma lógica de mercado? Márcio Gonçalves assumiu que a indústria precisa se adaptar, e citou como exemplo o modelo de negócios custeado por publicidade. Mas continuou defendendo os direitos do autor - que são, segundo ele, o que pode custear a produção cultural.

Outro viés apareceu no debate seguinte: a indústria não está conseguindo oferecer o serviço que a sociedade organizada oferece na web. Leo Germani, do HackLab, citou como exemplo Lost, cuja nova temporada estreará nos EUA na semana que vem. "O episódio vai passar nos EUA e algumas horas depois eu posso baixar e assistir em alta qualidade e com legenda", disse ele. "E a alternativa legal? Vou ter que esperar um ano e assistir dublado e com propagandas". "Não baixo por que é mais barato. É por que é melhor", disse ele.

O público se aglomerou para acompanhar essa discussão, enquanto ao lado o telão que transmitia o evento de lançamento do iPad não tinha nenhum espectador. O público está interessado nesse tipo de debate? Parece que sim. E Marcelo Branco, pescado durante o incessante vai-e-vem dos corredores, concorda:

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