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Pedro Doria

Google quer tornar seu Zuckerberg conhecido

O mundo mudou muito desde a ascensão do site

23/01/2011 | 20h00

  •      

 Por Fernando Nakagawa / Twitter @fnakagawa

Larry Page, o novo CEO do Google, é o mais tímido no triunvirato que comanda a empresa desde 2001. E, no entanto, assume desde a semana passada um dos cargos de maior visibilidade do mundo corporativo. Embora a saída do presidente Eric Schmidt seja uma surpresa, talvez o movimento faça sentido.

Pessoalmente, Schmidt é um sujeito aprazível. Fala mansa, tenta costurar seu argumento com muita lógica. E é figura presente no Vale do Silício. Dá aulas e palestras na universidade local, participa frequentemente de debates em centros culturais. E foi um bocado por isso que deu certo.

Quando dois jovens brilhantes, como eram Larry Page e Sergey Brin, têm uma ideia brilhante e um dos capitalistas de risco se dispõe a bancá-los, a primeira preocupação é sobre quem comandará a empresa. Da maneira como as coisas costumam ser no Vale, em geral os fundadores perdem poder e um executivo qualquer assume.

Larry e Sergey batalharam muito para que este executivo fosse alguém em quem confiassem. Schmidt era atípico. Antes de ser um gestor de empresas, é um engenheiro de software discreto. Trabalhou no lendário PARC, da Xerox, talvez o laboratório mais inovador da região durante os anos 1970 e 80. Juntou-se aos dois fundadores como um par. Mais experiente, porém um par. E, juntos, criaram um triunvirato razoavelmente azeitado para o comando.

Que ele liderou o Google por um período de imenso sucesso, não há dúvidas. De uma pequena empresa, transformou-a no centro da web durante toda a primeira década do século, ameaçando a mídia tradicional, desbancando o domínio da Microsoft, garantindo o quase monopólio da receita publicitária online. Durante um período muito longo, também, conseguiu manter a imagem do Google como um gigante benevolente, de uma empresa confiável.

O mundo, agora, é outro.

O Google não é mais visto por ninguém como benevolente, como a empresa que, como diz seu lema, “não faz o mal”. Tem muito dinheiro envolvido neste jogo. E, quanto mais frágil for a privacidade garantida aos usuários, mais dinheiro via propaganda virá. As tentações são presentes.

O sucesso da empresa na busca e propaganda tampouco foi seguido em outras áreas. Há uma longa lista de fracassos na gestão Schmidt, particularmente na área de redes sociais.

A internet está mudando e o período de claro predomínio do Google está ameaçado. De um lado, na web cada vez mais social, pelo Facebook. Do outro, na internet também cada vez mais móvel, pela Apple. O Android é um forte concorrente à dupla iPhone, iPad. Perante o Facebook, a briga é mais difícil.

Na última semana, mais uma vez o CEO da Apple, Steve Jobs, pediu uma licença médica. Sua saúde é frágil, porém seu brilhantismo segue incontestável. O mesmo pode ser dito sobre o brilhantismo do CEO caçula do Vale, Mark Zuckerberg, que toca sua criação – o Facebook.

Eric Schmidt pode ter sido o homem ideal para assumir a jovem empresa e comandar seu crescimento, mas a cultura mudou. Graças aos conselhos de Sean Parker (injustamente caracterizado no filme A Rede Social), Zuckerberg manteve-se no comando da empresa que criou. Hoje parece normal, mas há poucos anos era algo impensado no Vale do Silício que um garoto gerisse a empresa que fundou com o dinheiro dos adultos.

Jobs precisou passar por uma saga wagneriana cheia de desafios para retornar à Apple, que criou em finais dos anos 70, como líder inconteste. Mas o fato é que, neste cenário, Facebook e Apple têm um trunfo que o Google não tem. Seus líderes são a personificação da criatividade de suas empresas. Eles são os criadores, os homens das ideias, aqueles que inspiram.

Schmidt, pacato engenheiro de software, foi importante por ser discreto. Não mais. Se a saída dele do cargo de CEO da companhia que ajudou a construir é uma surpresa, não há nenhuma surpresa no fato de que um de seus fundadores tenha sido escolhido para assumir o comando. Agora, os três grandes gigantes do Vale têm, no comando, os homens das ideias. Jobs tem ideias e é um líder tarimbado. Zuckerberg tem surpreendido. Larry Page? A ver.

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