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Quem joga, sabe

Bayonetta é poesia violenta em movimento

Confira a análise do game de ação da estilosa bruxa.

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Por valmarfilho
Atualização:

 

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Tem alguns jogos que são difíceis de descrever pois acabam abraçando vários gêneros. Esse é o caso de Bayonetta. Basicamente, é um game em que o exagero impera. Mas é um exagero bom. Imagine uma pintura em que as tintas são propositalmente carregadas para aumentar o efeito dramático.

Bayonetta é o jogo que Devil May Cry deveria ter sido. O próprio criador do game, Hideki Kamiya, já deixou isso claro. Ele queria, desde o princípio, fazer Devil May Cry com uma protagonista, em vez do conhecido Dante.

O tempo passou, Kamiya nunca mais esteve envolvido com Devil May Cry e acabou deixando a Capcom para fundar a Platinum Games. Depois de firmar um contrato de distribuição com a Sega, ele prometeu um grande jogo de ação. E como cumpriu a promessa...

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Antes de começar a jogar, um aviso importante: prepare-se para ficar frustrado. Não ao ponto que Devil May Cry deixa, mas frustrado. A progressão do jogo até que é suave, mas existem sutilezas na jogabilidade que vão muito além do simples apertar de botões. É claro, se você decidir jogar na raça, pois existe um modo mais fácil em que o controle fica quase automático.

Ah, e que fique muito claro: Bayonetta não trata as mulheres como objeto. Isso é coisa da série Dead or Alive. Existe uma dose de fetiche e erotismo, isso é inegável, mas o papel da personagem deixa claro que ela está no controle. Só de colocar uma mulher em tal posição de poder, de senhora de si mesma, já mostra que Kamiya é um tipo diferente de designer. Ele poderia ter apelado, como todos os outros fazem, explorando de forma negativa a sensualidade de Bayonetta e objetificando-a sem dó. Mas o que ele fez foi torná-la um ícone, uma espécie de Lara Croft esclarecida do terceiro milênio.

Bayonetta é inteligente, cínica e adora o exagero. A sensação que o jogo passa é de que tudo o que é demais, excessivo e até piegas está lá. Mas esse é o charme do jogo, mesclar o kitsch com humor e atitude. E, a seu modo, isso acaba deixando a protagonista muito mais invocada. Ela não se abala, não se irrita, simplesmente é a melhor e sabe disso. E apesar de ser toda rebolativa e cheia de curvas, não se dá ao desfrute de qualquer um. E isso só vem a reforçar a imagem de que ela é sim um marco do poder feminino nos jogos. Ela não precisa ser um tanque de guerra para conseguir destruir um. Com um sorriso no rosto, uma arrumada no óculos e uma pose de glamour ela estraçalha os oponentes. E isso é genial.

A maior marca estilística do jogo é a forma como Bayonetta se move. A heroína parece dançar, flutuando no ar entre os golpes fulminantes que desfere. A referência da dança é tão marcante que a própria música tema do jogo diz que quando ela luta parece que dança. E que balé lindo, violento e letal... em muitos aspectos, é a melhor coreografia de batalha já feita para um jogo ou até produto de entretenimento. Só vendo para crer...

A história do jogo é meio confusa, mas até que se desenrola bem. Bayonetta é uma bruxa que acaba no fogo cruzado de uma batalha entre céu e inferno. Como não tem alinhamento nenhum, ela segue seus instintos para alcançar seus objetivos. E no decorrer do jogo, fica claro que as tropas do Paraíso foram corrompidas. Alguma autoridade alta direcionou a ira divina, sob a forma dos mais variados anjos, contra a bruxa. E é por isso que os inimigos do jogo tem aparência celestial.

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O jogo também é um festival de referências a outros jogos. Há momentos muito bacanas, que fazem homenagem a clássicos como Space Harrier, mas também há momentos totalmente dispensáveis, como a fase das motos.

A principal beleza de Bayonetta é o fator diversão. Existe uma camada grossa de dificuldade, em alguns momentos até cruel, mas quando pegamos o jeito de jogar, esquivando e atacando, o jogo se torna um divertido jogo de pega-pega. Você desvia de um golpe, o tempo fica desacelerado, você castiga o oponente com uma combinação quase infinita de ataques e termina com um ataque especial crudelíssimo, com um monstro feito dos cabelos da moça que arrebenta com os vilões maiores.

Não faltam incentivos para continuar a jogar depois de terminar o jogo. Todos os capítulos são selecionáveis, existe um monte de armas e roupas para desbloquear e, no caso das armas, a jogabilidade muda radicalmente. É muito bacana combinar as diferentes armas para desenvolver estilos de luta.

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São 15 horas de jogo, em média, para terminar Bayonetta pela primeira vez. E como vale o investimento... recomendadíssimo.

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