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Nintendo completa 125 anos; lembre sua história

Criadora do Mario e de Zelda, empresa japonesa começou como fabricante de baralho de cartas e fez até máquina de fazer arroz

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Por Bruno Capelas
Atualização:

Por Bruno Capelas

 

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Criadora do Mario, de Zelda, do Donkey Kong, do Pikachu e de mais um sem-número de personagens incríveis e marcantes para a história dos videogames e da cultura pop, a Nintendo está fazendo 125 anos nessa terça-feira, 23. Se os últimos tempos da empresa não são para se comemorar, com o fracasso de vendas do Wii U e três anos seguidos de prejuízo, ainda assim é uma boa hora para lembrar a trajetória da companhia, que começou suas atividades em 1889, como uma fabricante de baralho de cartas.

No final do século XIX, o Japão havia proibido jogos de azar, exceto o baralho Hanafuda, que não era muito popular na época. Foi nele, entretanto, que um homem chamado Fusajiro Yamauchi percebeu uma oportunidade de negócio, e criou a Nintendo Koppai, em Kyoto, Japão, no dia 23 de setembro de 1889. Nintendo, em japonês, é uma expressão que costuma ser traduzido como "deixe a sorte nas mãos dos deuses", ou "o paraíso abençoa o trabalho duro".

 Foto: Estadão

Durante suas primeiras oito décadas, a empresa permaneceu no ramo de cartas e brinquedos, tendo até feito um acordo com a Disney durante os anos 1950 para fabricar cartas com Mickey e os outros personagens no Japão. Nos anos 1960, a empresa tentou entrar no ramo de máquinas de fazer arroz e eletrodomésticos, sem ter sucesso. Os videogames só começariam a fazer parte do negócio da empresa em 1972, com jogos de fliperama bastante primários.

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O primeiro console da empresa, porém, só apareceria em 1977, com o Color TV Game 6, um videogame que trazia apenas variações básicas do Pong (ou Telejogo, como ele ficou conhecido no Brasil), da Atari. Apesar de pouco original, a empreitada ajudou a Nintendo a se consolidar no mercado japonês, e ajudaram na contratação de um jovem chamado Shigeru Miyamoto.

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É ele o responsável pela criação de Donkey Kong, inicialmente um jogo para fliperamas com um macaco, que prendeu a namorada de um encanador bigodudo. Sim, ele mesmo: Mario, que inicialmente se chamava Jumpman (ou "Pulador"), graças à sua característica de pular entre os níveis para resgatar a namorada. Um sucesso mundial, Donkey Kong abriu a esteira para que a Nintendo fabricasse e distribuísse mundialmente seu primeiro console em 1983: o Famicom, conhecido aqui no Brasil como NES (Nintendo Entertainment System), ou ainda "Nintendinho", custando à época cerca de US$ 300.

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Naquele mesmo ano, seria lançado no mercado Mario Bros, a primeira aparição de Mario e Luigi, dois encanadores que tinham que limpar canos infestados de insetos e pragas. Sua sequência, Super Mario Bros, seria lançada em 1985, e se passaria pela primeira vez no Mushroom Kingdom, onde o vilão Bowser teria raptado a princesa Peach (resgatando características de Donkey Kong). Ao longo dos anos, o Nintendinho venderia quase 62 milhões de unidades.

Os anos 80 ainda veriam o lançamento de dois grandes produtos da Nintendo: a franquia Zelda - a primeira a vender um milhão de cartuchos sem ter venda casada com outro produto (no caso, o Famicom), também criada por Miyamoto - e o portátil Game Boy, do qual saíram alguns dos jogos mais vendidos da empresa, como Tetris e Pokémon (este, introduzido apenas em 1996).

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Anos 90 A década de 1990 começaria bem para a empresa com o lançamento do Super Nintendo (ou Super Famicom), introduzido no Japão no final de 1990, mas lançado no mercado americano apenas em 1991, com a transição dos 8-bits para os 16-bits, o que permitia gráficos mais avançados nos jogos, ainda pixelizados, porém. Junto com ele, viria um dos maiores sucessos da empresa: Super Mario World, uma versão aumentada de Super Mario Bros. Outros sucessos do NES incluíam Street Fighter II (da Capcom), International Superstar Soccer (da Konami) e a primeira versão de Mario Kart. Ao todo, o Super Nintendo vendeu 49 milhões de consoles no mundo.

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Em 1996, veria a luz do dia o Nintendo 64, que traria jogos como Star Fox 64, Mario Kart 64, Super Mario 64 e Zelda 64, depois chamado de The Legend of Zelda: The Ocarina of Time. O que mais chamava a atenção no videogame, entretanto, era o seu controle, que podiam ser coloridos e tinham diversos lugares para se pegar (com diferentes botões direcionais e ajustes). Lançado apenas em 1997 no Brasil, o Nintendo 64 vendeu 33 milhões de unidades globalmente.

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 Foto: Estadão

Seu seguidor foi o Game Cube, de 2001, primeiro console da empresa a usar CDs, e não mais cartuchos, para os jogos. Ele retomaria, entretanto, um controle mais simples para o jogador, podendo ser usado facilmente por alguém que tem apenas duas mãos (o que não acontecia no Nintendo 64). Além de novos jogos das séries Mario, Mario Kart e Zelda, o Game Cube ainda teria sucessos como Super Smash Bros: Melee, que colocaria os personagens da Nintendo para lutarem em arenas, Super Mario Sunshine e Pikmin. Vendendo apenas 21 milhões de unidades, o console enfrentou a rivalidade do PlayStation One, e também do recém-lançado Xbox, da Microsoft.

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Quem poderia supor que a Nintendo se encaminhava para uma crise, entretanto, perdeu a aposta: o Wii, próximo lançamento da empresa no ramo de consoles, foi um estouro de vendas, com mais de 80 milhões de unidades em todo o mundo. A estratégia era simples: ao contrário da concorrência, o Wii trazia um console para toda a família, com um controle simples de usar, bastando apenas balançá-lo para que o videogame respondesse ao comando. A mágica da coisa era que o controle era dotado de um acelerômetro, capaz de sentir o movimento do jogador e enviá-lo para o console, o que permitia que vovós e titias jogassem junto com crianças games como o Wii Sports, que trazia tênis, boxe e boliche para a sala de estar.

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Seu sucessor, o Wii U, entretanto, não teve o mesmo sucesso até agora: apesar do hardware inovador, com um controle que se parece um tablet, e incorporando o uso de duas telas, o videogame lançado em novembro de 2012 só vendeu 6 milhões de unidades em todo o mundo (pouco mais da metade que o PlayStation 4, introduzido no mercado um ano depois).

O fracasso de vendas do Wii U e a incapacidade da Nintendo de se colocar em um mundo onde jogos mobile têm sido uma tendência provocaram três anos seguidos de prejuízo na empresa. Entretanto, bons ventos podem vir por aí: em sua coletiva de imprensa na E3, a empresa mostrou que está olhando com carinho para seu passado, e pode trazer boas novidades nos novos jogos de Super Smash Bros, Zelda, Kirby e talvez Star Fox, algumas de suas franquias mais amadas, para o Wii U. O primeiro passo dessa trajetória já foi dado com Mario Kart 8. Enquanto o futuro não vem, é hora de soprar velinhas.

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