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A empresa que fugiu do País

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Por Renato Cruz
Atualização:

Num momento em que todo mundo quer vir fazer negócios no Brasil, uma história mostra que o País não vive somente de sucesso. A multinacional sueca Relacom, uma das maiores prestadoras de serviços na área de telecomunicações, abandonou o Brasil no mês passado. A empresa desistiu do mercado brasileiro depois de anos de prejuízo, deixou mais de 2 mil funcionários na mão e tentou espetar o pagamento das rescisões trabalhistas na conta de dois grandes clientes, as operadoras de telefonia Telefônica e TIM.

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Em nenhum momento, a Relacom explicou o motivo de sua decisão extrema. Procurada pelo Estado, a matriz da empresa enviou explicações vagas, em que fala em "não ter conseguido alcançar a lucratividade por causa de pressão nos preços". Essa queixa é recorrente entre os fornecedores das operadoras, que se sentem amassados pela força de mercado dessas companhias.

Com presença em 17 países, a Relacom estava no Brasil desde 2005. A empresa instalava e fazia manutenção de redes para grandes operadoras. Em abril, a empresa passou a ser controlada por um grupo de bancos. Foi no mesmo mês em que resolveu deixar o País.

Se, por um lado, a Relacom dá a entender que não aguentou a pressão de seus clientes, de outro, as operadoras apontam que suas atuais prestadores de serviço conseguem trabalhar bem nas mesmas condições que a Relacom enfrentava, e que os problemas da empresa sueca podem ter origem na sua própria desorganização.

Na semana passada, a Telefônica fechou um acordo com os ex-funcionários da Relacom em São Paulo. A empresa assumiu uma conta de cerca de R$ 16 milhões em verbas rescisórias, de aproximadamente 1,7 mil pessoas que trabalhavam para ela como terceirizados.

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A maioria desse contingente foi absorvida pela EGS, empresa de serviços da Ericsson, fabricante sueca de equipamentos que assumiu o contrato que era da Relacom. "Hoje a Relacom é credora da Telefônica", afirmou Francisco Gomes Junior, diretor jurídico da operadora espanhola. "Vamos atrás de cobrar essa dívida."

Além das rescisões, que ainda estão sendo homologadas pelo sindicato, a Telefônica acabou herdando um passivo trabalhista que compreende "várias centenas" de ações. A derrota nesses processos pode custar mais de R$ 15 milhões.

"Entramos com uma ação no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), em que a Telefônica tinha responsabilidade solidária", disse José Carlos Guicho, vice-presidente do Sintetel, sindicato dos trabalhadores de telecomunicações em São Paulo. "A Telefônica fechou um acordo e assinou um documento de confissão de dívida."

Mais informações no Estado de hoje ("Bye bye para quem fica", p. N3).

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