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A força do algoritmo

E se o algoritmo das redes sociais privilegiar o interessante no lugar do importante?

Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

Quem decide o que você vê na internet? Um buscador como o Google tem um algoritmo complexo para definir o que mostra em seus resultados. Tudo começou de forma relativamente simples: o chamado PageRank analisava a quantidade de links que apontavam para determinada página, para dizer se ela era importante ou não. A importância das páginas que abrigavam esses links também era levada em conta. Com isso, garantia que os resultados mais relevantes seriam mostrados em primeiro lugar.

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Mas a complexidade do algoritmo tem aumentado. As pessoas começaram a criar sites que trocavam links entre si para melhorar suas posições nos resultados das buscas. O Google criou então mecanismos para evitar esse tipo de golpe. O buscador também incorporou personalização nos resultados, levando em conta coisas como a localização do usuário e o tipo de conteúdo que normalmente interessa a ele.

Em redes sociais como o Facebook, a situação era diferente. Os conteúdos relevantes eram selecionados por amigos. Mas o serviço cresceu tanto que deixou de ser possível mostrar tudo o que todos os amigos publicam, e o Facebook passou a filtrar os conteúdos mais relevantes a partir das pessoas e dos tipos de conteúdos com quem você mais interage, ao clicar, comentar e compartilhar.

Até agora, o Twitter mostrou as publicações de todas as pessoas que você segue, em ordem cronológica inversa, com o tuíte mais recente no alto da página. Na semana passada, Anthony Noto, diretor financeiro do Twitter, disse em um evento em Nova York que essa forma "não é a experiência mais relevante para o usuário". Como exemplo, ele disse que uma publicação importante pode ficar enterrada na lista de um usuário caso ele não esteja com o serviço aberto na hora em que ela foi publicada.

Faz todo o sentido criar maneiras automatizadas de selecionar conteúdo relevante, no atual ambiente de abundância de informação. Mas a opacidade dos critérios preocupa. Sem seleção, o serviço deixa de funcionar bem. Agora, como saber se conteúdos mais relevantes não estão deixando de ser mostrados?

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O risco é que os algoritmos, muito bem treinados, mostrem somente coisas que reforcem a visão de mundo de cada um, e passem alimentar o pensamento de tribo, o isolacionismo e a intransigência. No mundo das redes sociais, com um clique é possível deixar de ver as publicações de quem pensa diferente, calar o pensamento contrário.

Uma definição clássica diz que o objetivo das notícias é tornar o importante interessante, e não o contrário. Num mundo em que algoritmos servem conteúdo personalizado, o importante pode enfraquecer diante do interessante. Com o tempo, os sistemas até serão capazes de fazer a distinção. Mas como ficamos até lá?

Regras

O algoritmo é um conjunto de regras, traduzido em comandos de programação. Antes do Google, havia diretórios de internet, como o Yahoo quando foi criado. A rede mundial era muito menor, havia bem menos sites no mundo, e o diretório do Yahoo era editado por pessoas, que classificavam cada site sugerido ao serviço em categorias. Em poucos anos, esse modelo deixou de ser possível.

Dinheiro

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Na semana passada, me perguntaram: uma empresa precisa gastar dinheiro em anúncios para aparecer nas redes sociais. A resposta está no próprio modelo de negócios dessas redes, baseado em publicidade. Se fosse fácil aparecer sem gastar dinheiro, os serviços não teriam apostado nos anúncios como a sua principal fonte de receita. Sem pagar, a publicação de uma empresa atinge uma parcela muito pequena de seus fãs no Facebook.

No Estado de hoje ("A força do algoritmo", p. B10).

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