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A Oi e o plano de banda larga

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Por Renato Cruz
Atualização:

Um dos principais argumentos da Oi para adquirir a Brasil Telecom (BrT) foi a necessidade de criar uma supertele nacional para fazer frente aos gigantes espanhol (grupo da Telefônica e Vivo) e mexicano (Embratel, Claro e Net, do empresário Carlos Slim). Pouco mais de um ano depois da compra, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, reforça o discurso nacionalista e tenta posicionar a empresa como instrumento de políticas públicas.

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"Quem pode atender à demanda para a banda larga somos nós", disse, num momento em que é discutida a volta da Telebrás para o Plano Nacional de Banda Larga. Durante entrevista na sede do grupo, no Rio, Falco revelou o desejo de criar um satélite 100% da Oi (o atual tem 80% de participação estrangeira, na empresa Hispamar), mostrou cautela quanto à internacionalização e apontou a necessidade de gerar caixa para pagar "um monte de dívida" neste ano.

Aos 49 anos, ele se prepara para completar, em 2011, uma década de empresa. "Hoje vi umas notícias de que seria demitido", brincou, referindo-se a um e-mail que recebeu. Na última quinta-feira, na sede da operadora, no Rio, não parecia prestes a deixar o cargo, ao discorrer sobre os planos da operadora.

O tamanho que a empresa ganhou é suficiente para não ser engolida?

Para o Brasil, é. Mas cobra que não anda não come sapo. É um jogo de gente grande; tem de continuar crescendo. Agora temos 30% da receita do mercado brasileiro, uma presença nacional fixa e móvel, somos os maiores em banda larga. Somos uma companhia que pode estar perto do governo para fazer políticas públicas - 49% do controle é do governo, direta ou indiretamente. É uma companhia nova, completamente diferente. A Oi passou da posição de alvo para a de caçador.

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E quais são os contras de ter o governo como parceiro?

Não vejo muito contra; o modelo dos 49 % é feliz, porque 51% é privado. Então, não tem as restrições. Temos uma gestão privada e uma presença importante do Estado, o que garante um alinhamento da companhia e um direito de preferência se o sócio privado quiser sair. E isso permite que ele possa incluir a companhia em alguns pensamentos estratégicos.

Por exemplo?

O satélite, que é mexicano, tem de ser nosso. Nosso, do Brasil. E o operador tem de ser a Oi. Pensa bem: só falta a gente entrar em guerra com sei lá quem e o submarino não falar com o caça. É uma questão de comunicação, questão estratégica. Por exemplo, a rede do Banco do Brasil, tem de ser de quem? A rede da Caixa Econômica? A rede do governo? A rede de educação? Isso é a parte pró-companhia. Tem a parte pró-governo: quem é que bota as criancinhas na escola com internet de graça? Somos nós.

Por que, então, ressuscitar a Telebrás?

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Para nós, não é excludente. Não temos nada contra, nada a favor. Só não sei por que precisa. Se tiver banda larga no Brasil, qualquer que seja o modelo, entre 70%, 80% e 90%, somos nós que vamos fazer.

A Oi desistiu da Eletronet?

Para nós, a Eletronet é uma conta simples: quanto custa a compra e quanto custa aumentar a nossa rede (de fibras ópticas). Nós já analisamos umas cinco vezes, mas a Eletronet tem o problema do valor e da falência.

O senhor é hostil ao capital estrangeiro?

Não sou hostil. Adoro capital estrangeiro. Mas, em caso de empate, "sorry", aqui falamos português. É assim que eles nos tratam lá fora.

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Mais informações no Estado de hoje ("O novo desafio da Oi", p. N1; "'Com a Oi, o país passou a ter um parceiro de políticas públicas'", p. N4; e "Um ano depois, chega a conta da compra da BrT", p. N5).

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