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A qualidade da TIM

O italiano Luca Luciani assumiu o comando da TIM Brasil há 10 meses, com o objetivo de colocar a casa em ordem. No ano passado, a empresa perdeu o segundo lugar para a concorrente Claro, e chegou a acumular R$ 142 milhões em perdas no primeiro semestre, que foram revertidas no fim do período. O próprio executivo reconhece que houve perda de qualidade no serviço de voz, e está tomando medidas para tentar resolver o problema. Alguns analistas viram seu trabalho como uma preparação para a venda da empresa, o que Luciani nega: "O crescimento da Telecom Italia vem do Brasil." A seguir, trechos da entrevista que concedeu por telefone.

Por Renato Cruz
Atualização:

Qual é a importância hoje da TIM Brasil para a Telecom Italia?

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É central, por causa da dinâmica diferente de um mercado maduro como a Itália. O Brasil não é um mercado emergente. É um mercado grande que está crescendo. Acho que, por causa da crise econômica dos últimos meses, essa importância vai crescer ainda mais. A Telecom Italia vai produzindo caixa em seu mercado doméstico, que não tem crescimento, para investir no mercado brasileiro. É uma estratégia muito focada, que não tem uma ambição expansionista em cinco continentes. A presença internacional está muito focada e coerente.

Não existe chance de a empresa sair do Brasil?

Não. Essa história não é sustentável. O negócio de telecomunicações é cotado na bolsa com múltiplos que refletem o crescimento. O valor do grupo Telecom Italia é baseado em sua perspectiva de crescer. O crescimento da Telecom Italia está no Brasil.

Por que o sr. encontrou a TIM numa situação em que teve de fazer tantas mudanças?

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Porque o resultado não estava alinhado com o potencial de mercado. O que aconteceu no passado é que todas as operadoras mudaram a estratégia e, mudando a estratégia, cresceram. Nos últimos três ou quatro anos, a TIM perdeu participação de mercado, crescimento de receita e posicionamento de marca em relação a outras operadoras. Precisamos fazer um relançamento da TIM.

Qual era o principal desafio? Era uma questão de investimento?

Acho que, basicamente, era por causa do posicionamento da marca no mercado. O histórico da TIM sempre foi de empresa inovadora. Foi basicamente a empresa que lançou o chip, o GSM no mercado. Foi uma empresa com posicionamento alto, para o segmento mais dinâmico e jovem do mercado, e com um posicionamento de marca nacional. Nos últimos dois ou três anos, esse posicionamento foi um pouco perdido. Outras operadoras defenderam bem a posição de liderança e fizeram um bom trabalho de reposicionamento da marca. A TIM perdeu a característica básica. Não foi um problema de investimento. O investimento mais ou menos estava alinhado com o de outras operadoras. Foi um conflito de estratégias, de posicionamento e de marketing.

E isso afetou a qualidade do sinal?

Isso foi consequência de uma escolha de marketing. No fim de 2007, a escolha estratégica da TIM foi de reduzir a presença no mercado pós-pago e de crescer no mercado pré-pago. Isso levou a um crescimento na receita e no tráfego, mas os investimentos estavam muito focados no 3G (rede de dados) e não no 2G (voz), o que criou problema de queda de qualidade. Se a estratégia está voltada para o segmento de voz, tem de reforçar essa parte da rede.

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Mais informações no Estado de hoje, 19/10 ("'Brasil é motor de crescimento da TIM', p. B10).

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