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A rede social, do David Fincher

Por Renato Cruz
Atualização:

Finalmente vi A rede social. Como você já assistiu ao filme antes de mim, acho que podemos falar sobre ele. (Se você não viu, é melhor parar de ler por aqui.) Ele foi comparado a Rashomon, mas, apesar das idas e vindas entre as cenas de tribunais e da criação do site, a história contada só é mostrada sob outro ponto de vista na última cena. E ainda como uma sugestão.

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Na maior parte do filme, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, é apresentado como um puro, um idealista, um nerd sem habilidades sociais, que acaba atropelando as pessoas por isso mesmo, por ser um nerd sem habilidades sociais, mas com um sonho. O brasileiro Eduardo Saverin, o melhor amigo, cofundador e primeiro investidor do Facebook, é mostrado como um idiota, que não tem a menor ideia do que seja uma empresa de internet, que corre atrás de anunciantes antes de crescer, antes de tirar dinheiro dos investidores de risco.

Sean Parker, criador do Napster e, por algum tempo, presidente do Facebook, por outro lado, é o demônio. É com ele que Zuckerberg faz um pacto que o aproxima dos investidores da Califórnia e, em troca acaba tendo que apunhalar o melhor amigo pelas costas. É claro que, como o próprio filme mostra, não é nada disso. O Facebook não teria a menor chance se fosse seguir a estratégia buscada por Saverin, de conseguir anunciantes tão cedo.

A rede social é extremamente favorável ao Facebook e ao seu fundador. Zuckerberg é desenhado pelo filme como uma figura trágica, capaz de sacrificar a tudo e a todos para construir seu sonho de bilhões de dólares. Melhor ainda: não pelos dólares, mas para ser aceito pela sociedade ao mostrar a capacidade de criar algo tão grande.

A beleza do filme está na última cena, que desconstrói a história contada até então. Antes de ser passado para trás pelo melhor amigo, Saverin chega a dizer, lá pelo meio da história, que Zuckerberg "precisa ser protegido". Mas a versão alternativa da criação do Facebook, que se coloca no final, é mais interessante: Zuckerberg usou Saverin para começar em Harvard o Facebook (que surgiu de uma ideia roubada de outros estudantes), depois usou Sean Parker para chegar aos investidores do Vale do Silício, e então o descartou.

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Mas, logo depois de levantar a possibilidade de Zuckerberg ser um mestre da manipulação, a advogada com quem tem uma conversa na última cena do filme diz que o fundador do Facebook não é um "asshole", apesar de se esforçar tanto para sê-lo. E a obsessão de Zuckerberg pela página com o perfil da namorada que o chutou, que fecha o filme, sugere (ironicamente, é óbvio) que tudo talvez não passe de um caso de coração partido.

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