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A Vivo e a banda H

Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

A Vivo, maior operadora celular do País, ultrapassou em novembro a marca de 50 milhões de clientes. Roberto Lima (foto), presidente da operadora, afirmou que, para continuar crescendo e, ao mesmo tempo, ampliar a cobertura para cidades menores, é preciso que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) leiloe mais espectro (faixa de frequência que uma empresa pode usar). Na semana passada, a agência pôs em consulta pública as regras para a venda da chamada banda H, de terceira geração da telefonia celular (3G), que limitam a participação no leilão a empresas que ainda não operam o serviço. Entre outros pontos, Lima explica, na entrevista que segue, o motivo de ser contra essa limitação.

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Qual é a sua opinião sobre a proposta do leilão?

A Anatel parte do princípio de que a qualidade e o preço baixo serão obtidos através do estímulo à concorrência, com que eu concordo totalmente, até um certo limite, que é o limite da eficiência. Num país das dimensões do Brasil, as empresas que atuam no setor precisam ter escala - e espectro é a base para que uma empresa de telefonia móvel possa ter tamanho. O preço, até certo ponto, depende da concorrência, mas chega num ponto em que ele para, e só volta a ser reduzido em função da eficiência. Acho que estamos num momento em que existem quatro empresas de dimensão nacional, que começam a ter uma escala muito grande, e que, se forem dotadas de espectro suficiente, podem ter uma racionalização muito maior nos seus investimentos e isso vai se refletir no preço. Colocar uma quinta empresa é fragmentar um ativo raro e caríssimo, que é o espectro, para colocar mais uma empresa na mesma posição de baixa escala. Não sei se isso é eficiente. Acho que uma quinta empresa será mais uma para reclamar que falta espectro e que a carga tributária é elevada.

Qual é a sua expectativa de investimento para 2010?

Não posso divulgar o pacote de investimento sem fazer um comunicado público, porque somos uma empresa cotada em Bolsa de Valores. Por causa da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), temos de fazer um fato relevante. Mas vamos fazer, como todo ano fazemos, lá por fevereiro.

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A expectativa para este ano foi cumprida?

Foi. Tínhamos um pacote de investimento de R$ 2,6 bilhões. Estamos próximos disso. O que tinha de ser contratado já foi.

Ainda tem muita rede de 3G para ser instalada?

Tem uma demanda muito grande. Parte dos investimentos foram feitos em função dos compromissos com a Anatel quando da licitação das frequências. O que eu posso dizer é que, entre 2G (segunda geração) e 3G, fizemos 242 municípios, tudo o que tínhamos de cobrir, e fizemos mais 217 municípios, além do que era obrigação da Anatel. Desses 217, 60 são antecipações de 2010. A diferença de 157 são áreas novas para a gente.

Vocês identificaram demanda?

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Sempre existe demanda, maior ou menor, em qualquer lugar do Brasil. A necessidade é maior naquelas regiões onde a gente acha que têm menor potencial econômico, mas que o impacto do nosso serviço é muito maior. Temos um projeto em Belterra, uma cidade de 12 mil habitantes no oeste do Pará, que vive hoje de uma cultura extrativista, com uma atividade econômica baixa, mas tem uma demanda muito grande por uma questão social, não é por uma questão econômica. As pessoas precisam daquela comunicação, sem o que, muitas vezes, elas não conseguem viver. As comunidades ribeirinhas estão distantes uma das outras muitas vezes entre 30 e 40 quilômetros, sem atendimento médico na dimensão que eles precisam. Chamar alguém é muito importante. Não é por causa do potencial econômico, mas da necessidade que existe na região.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr - 11/12/2008

Mais informações no Estado de hoje, 21/12 ("'Não há espaço para nova operadora'", p. B9).

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