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Adeus ao Orkut

Fim do Orkut é exemplo de como serviços de internet têm prazo de validade

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

Em 2007, quando a rede social Orkut vivia o auge do sucesso, seu criador, o engenheiro de software Orkut Buyukkokten, visitou o Brasil. A popularidade do serviço era tanta que o gerente de produtos do Google chegava a ser reconhecido na rua. "Às vezes as pessoas ficam olhando. No geral, são bastante gentis e educadas", disse Buyukkokten, numa época em que havia 43 milhões de brasileiros na rede social, o que equivalia a 56% do total de usuários no mundo.

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O Google anunciou que vai desativar o Orkut a partir de 30 de setembro. O caso da rede social é um ótimo exemplo de como os produtos de internet surgem e desaparecem. No fim do ano passado, eram somente 6 milhões de brasileiros que usavam o Orkut. De líder de audiência, em seis anos, o site passou a quinto lugar entre as redes sociais no País.

Além do Brasil, o Orkut só fez sucesso na Índia. Lá também foi substituído pelo Facebook.O Orkut foi criado por Orkut Buyukkokten (que homenageou a si próprio ao batizar o serviço) num programa do Google que permitia aos desenvolvedores dedicar 20% do tempo a projetos pessoais, que não fossem relacionados às suas atividades do dia a dia.

Quando visitou o Brasil, o engenheiro de origem turca viveu dias de astro pop. Mas o cenário lá fora já era outro. Os Estados Unidos, onde o Orkut nunca teve sucesso, viviam a decadência do MySpace e a ascensão do Facebook. O serviço criado por Mark Zuckerberg hoje é dominante na maioria dos países, incluindo o Brasil. Existem poucas exceções, como a China e a Rússia, em que existem redes sociais locais maiores que o Facebook.

Quando esteve aqui, Buyukkokten disse que a pergunta que mais faziam para ele era sobre os motivos do sucesso do Orkut no Brasil. Na verdade, ninguém tinha uma explicação satisfatória para isso. No começo, era preciso conseguir o convite de um amigo para participar da rede. Todo mundo queria participar. No final, todo mundo estava no Orkut, até que as pessoas enjoaram e partiram para o Facebook.

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Até agora, a história tem mostrado que rede social tem prazo de validade. Esse é o grande desafio do Facebook. Quando abriu o capital, há dois anos, muitos questionaram a capacidade de a rede social de Zuckerberg conseguir fazer a transição para o mundo dos celulares inteligentes. O Facebook teve sucesso, pelo menos até agora. A empresa conseguiu avançar no faturamento com publicidade móvel e fez aquisições importantes, como o Instagram e o WhatsApp.

As pessoas enjoaram do Orkut, entre outras coisas, quando os pais começaram a usar o serviço, e passaram a ver o que os filhos faziam, e quando a rede social passou a ser mais inclusiva. Foi criado até um termo preconceituoso, "orkutização", aplicado a serviços que se tornam populares.

Aplicativos

O Facebook tem uma série de filtros, e um algoritmo de seleção do conteúdo mostrado a cada usuário, o que limita os problemas enfrentados pelo Orkut. Mesmo assim, para ficar longe dos olhos dos adultos, adolescentes têm usado cada vez mais aplicativos de celular, como os que foram comprados pelo próprio Facebook, e o Snapchat, que recusou uma proposta de compra bilionária de Zuckerberg.

Arquivo

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O Google promete manter em um arquivo as comunidades públicas do Orkut, cuja riqueza de comentários conta uma parte importante da história da internet brasileira. Mas o que deixa muita gente com saudade são as comunidades absurdas, com nomes como "sem gordura trans não dá", "eu caio em câmera lenta", "peço ajuda para manequins", "Adão tinha um beagle?" ou "Pokémon não se pega, conquista".

No Estado de hoje ("Adeus ao Orkut", p. B14).

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