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O Facebook exagerou ao aceitar pagar US$ 19 bilhões pelo WhatsApp?

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

O Facebook exagerou ao aceitar pagar US$ 19 bilhões pelo aplicativo de mensagens WhatsApp? A primeira resposta, assim, sem análise, é obviamente sim. O site TechCrunch fez algumas comparações para mostrar o que dá para fazer com essa bolada. Os US$ 19 bilhões equivalem a quatro vezes o valor de mercado da BlackBerry e a aproximadamente um terço do valor de mercado da Ford ou da HP. É cerca de 10% maior que o valor de mercado da Sony e equivale a dois submarinos nucleares.

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Mas como esse valor se compara ao de outras empresas de internet? Uma forma comum de se fazer essa análise é calcular o preço por usuário. No caso do WhatsApp, o Facebook ofereceu US$ 42 por pessoa, já que 450 milhões trocam mensagens pelo serviço. E isso representa mais ou menos do que a rede social pagou pelo Instagram, aplicativo de fotos adquirido em 2012?

O Facebook desembolsou US$ 1 bilhão por 30 milhões de usuários que o Instagram tinha na época, o que equivale a US$ 33 por pessoa. Fazendo a comparação, o valor oferecido pelo WhatsApp, apesar de mais alto, está longe de parecer absurdo.

Se a gente fizer a mesma conta com o próprio Facebook, a empresa valia US$ 177 bilhões, na sexta-feira, e tinha 1,23 bilhão de usuários mensais. Isso significa que o mercado avalia o usuário do Facebook em US$ 144 - quase três vezes e meia um usuário do WhatsApp.

Você pode dizer que o motivo é claro. O Facebook é uma empresa lucrativa, que tem como modelo de negócios a venda de publicidade a partir do imenso banco de informações pessoais gerado por seus usuários. Até ser comprado pelo Facebook, o WhatsApp vinha anunciando que não iria explorar comercialmente as informações dos consumidores, preferindo cobrar US$ 1 por ano a partir do segundo ano de uso.

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Daí a pergunta: o Facebook tem como ganhar dinheiro com o WhatsApp? Na verdade, essa não é a questão mais urgente. A rede social tem de responder como pretende acompanhar a migração da audiência, que está cada vez mais nos celulares. O mercado passa por um momento de ruptura e o Facebook precisa ocupar no mundo móvel um espaço equivalente ao que já ocupa nos computadores.

Além disso, o Facebook precisa provar que rede social não tem data de validade. Precursores - como o Friendster, o MySpace e, por aqui, até o Orkut - conquistaram uma posição dominante que durou poucos anos. Lançado em 2003, o MySpace foi a rede social mais popular do mundo entre 2005 e 2008, quando acabou sendo ultrapassado por Mark Zuckerberg e companhia.

A diferença agora é que as ameaças à posição dominante vêm dos aplicativos, principalmente quando se leva em conta o público jovem. Não adianta nada ter um modelo de negócios vencedor se a audiência for embora.

Investimento

Essa discussão de como o Facebook pode ganhar dinheiro com o WhatsApp parece bastante com a que rolou quando o Google comprou o YouTube, em 2006, por US$ 1,65 bilhão. O movimento foi bastante criticado, porque o YouTube não fazia dinheiro. Mas o Google acabou descobrindo como lucrar com vídeos. Comparando com o WhatsApp: o YouTube tinha 72 milhões de usuários mensais na época, o que representou um pagamento de US$ 23 por usuário.

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Inteligência

Na semana passada, a Technology Review, publicação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), divulgou sua lista das 50 empresas mais inteligentes do mundo. Dessa vez, a Apple e o Facebook ficaram de fora. A justificativa é que as companhias listadas registraram, no ano passado, progressos capazes de revolucionar os mercados em que atuam. Vamos ver como eles tratam a rede social no ano que vem.

No Estado de hoje ("Aposta móvel", p. B11).

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