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O adeus de Bill Gates

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Por Renato Cruz
Atualização:

 Foto: Estadão

Ontem (6/1), Bill Gates fez sua última apresentação como presidente da Microsoft na CES, o grande evento de eletrônicos que acontece em Las Vegas. Dá para assistir a palestra no site da empresa (em inglês). Em julho, ele vai deixar o cargo e se afastar do dia-a-dia da companhia que criou.

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A saída de Gates da Microsoft marca o fim do modelo de computação iniciado com a invenção do computador pessoal em 1975, mesmo ano de criação daquela que é hoje a maior empresa de software do mundo. O PC passou a competir com outros dispositivos, como o celular, o videogame e o tocador de música e filmes digitais, pela atenção do usuário. Ao mesmo tempo, cresce a importância da rede como fonte de serviços e entretenimento.

Há quem chame a Microsoft de empresa pouco inovadora. Afinal, o DOS, sistema operacional criado para o PC da IBM, foi comprado de outra companhia de software. Não é nada disso.

A Microsoft foi a primeira empresa a ver o software como um produto de consumo. Gates e seu sócio Paul Allen criaram a linguagem Basic para o Altair, máquina que iniciou o boom do computador pessoal.

Mais importante, Gates inventou o contrato de licenciamento de software. Até então, no mundo das empresas, o software normalmente era vendido com as máquinas ou feito sob medida. No mundo nascente dos PCs, o software era desenvolvido por hobbistas, que trocavam os programas entre si, sem pensar no lucro.

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Não é à toa que o fundador da Microsoft estudou direito em Harvard (mesmo sem terminar o curso). Com o contrato de licenciamento, ele criou o mercado de massa para o software e transformou a sua empresa na maior do mundo do setor.

A internet vem mudando este cenário. Mais e mais o software é oferecido como serviço gratuito ao usuário final, sustentado por publicidade. A Microsoft, que na década passada era a empresa a ser temida no mercado de tecnologia, tem cedido esse espaço ao Google, que representa melhor essa nova fase.

No iPod e no iPhone, o software voltou a fazer parte de um "sistema", sendo vendido num pacote só com o equipamento. O software livre, como o Linux, que não exige pagamento de licenças, tem um modelo irreconciliável com o da Microsoft, pois o crescimento da empresa sempre teve como base o pagamento da licença de software.

Gates foi otimista ontem, e anunciou a chegada da "nova década digital". Quando a Netscape era a estrela da internet, há mais de 10 anos, Gates redirecionou a Microsoft de uma forma que muitos não imaginavam possível, e venceu a primeira batalha pela internet. Ele deixa a empresa num momento ainda mais desafiante que aquele.

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