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Carro de código aberto

A montadora Tesla decidiu permitir que outras empresas usem gratuitamente suas patentes de carro elétrico

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

O que falta para o carro elétrico deixar de ser um produto de nicho? Na semana passada, Elon Musk, presidente da Tesla Motors, anunciou uma decisão importante, que pode ter um impacto importante nesse cenário. A empresa decidiu abrir mão de sua propriedade intelectual. Qualquer concorrente pode usar a tecnologia patenteada pela Tesla.

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A aposta é ousada. A ideia anunciada por Musk não é incomum no mercado de tecnologia da informação, onde o empresário fez fortuna. Em 2002, ele vendeu para o eBay do serviço de pagamentos via internet PayPal, do qual era o maior acionista. Além da Tesla Motors, Musk comanda a SpaceX, uma empresa que fabrica veículos espaciais.

O exemplo de maior sucesso dessa estratégia é provavelmente a World Wide Web, criada pelo físico britânico Tim Berners-Lee. Ele abriu mão da propriedade intelectual, o que fez com que a web dominasse rapidamente o mundo.

Outro exemplo é o Android, sistema operacional dominante em tablets e smartphones, pelo qual o Google não cobra nada das fabricantes. Para fazer frente a isso, até mesmo a Microsoft anunciou recentemente a decisão de deixar de cobrar licenças do Windows para equipamentos com telas menores do que 9 polegadas.

Abrir mão da propriedade intelectual faz o mercado crescer mais rápido, com grandes chances de tornar padrão a tecnologia gratuita. No ano passado, o Android ficou com uma fatia de 78% das vendas de smartphones, segundo a consultoria Gartner. O iOS, da Apple, tinha somente 15%. O sistema operacional da Apple é fechado, e não pode ser usado por outros fabricantes.

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E esse movimento não se restringe ao software. O Arduino é um microcontrolador, computador simples em uma única placa, usado em projetos de robótica e automação. Foi criado por Massimo Banzi, professor em uma escola de design de alta tecnologia em Ivrea, na Itália, e pelo engenheiro espanhol David Cuartielles. Um dos alunos de Banzi, David Mellis, escreveu a linguagem de programação.

Qualquer um pode produzir as placas e vender, mas, se quiser usar o nome Arduino, precisa pagar pela marca. A placa foi essencial para o surgimento nos Estados Unidos do movimento dos fazedores ("makers"), pessoas que criam dispositivos eletrônicos em casa, e compartilham projetos e software.

Mas o que quer Musk ao levar essa mentalidade de internet para a indústria automobilística? Ele quer que outras empresas invistam no carro elétrico, para que tecnologias essenciais, como baterias, melhorem seu desempenho e caiam de preço, e para que seja criada uma infraestrutura confiável de pontos de recarga.

Sua expectativa é de que o mercado se multiplique rapidamente e, mesmo que tenha de dividi-lo com outros fabricantes, a Tesla saia na frente por ter desenvolvido as tecnologias que podem se transformar em padrão.

Competição

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No blog da Tesla, Musk escreveu que, no começo, temia que as grandes montadoras pudessem copiar as suas tecnologias, produzindo carros elétricos em massa. Mas o panorama atual é bem diferente: os elétricos correspondem a menos de 1% do total de veículos vendidos no mundo. "Nossa verdadeira competição não está na pequena gota de veículos elétricos que não são produzidos pela Tesla, mas sim na inundação enorme de veículos a gasolina que saem das fábricas ao redor do mundo todos os dias", apontou o executivo.

Mercado

No primeiro trimestre deste ano, a Tesla vendeu 6.457 unidades de seu Model S. Com planos de expansão, a empresa prevê chegar a 35 mil veículos vendidos neste ano. Ainda é muito pouco frente a uma produção global de veículos próxima de 100 milhões de unidades ao ano.

No Estado de hoje ("Carro de código aberto", p. B12).

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