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Clay Shirky e o adeus aos jornais

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Por Renato Cruz
Atualização:

Há algumas semanas, um amigo me mandou um convite no Facebook para participar da causa "Don't let newspapers die" (Não deixe os jornais morrerem). Eu não aceitei o convite, e expliquei para ele que achava que era melhor deixar morrer. O apego ao papel pode aprofundar ainda mais a crise enfrentada pelos jornais.

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Clay Shirky (foto), autor do livro Here Comes Everybody, publicou em seu blog o texto "Newspapers and thinking the unthinkable" (Jornais e pensando o impensável). Ele explica que toda a lógica do negócio do jornal impresso era baseada na dificuldade de publicação e nos ganhos de escala que as empresas conseguiam ao atingir uma grande audiência. Com a internet, essas condições se foram. Shirky enumera as alternativas imaginadas pelos jornais para a internet - cobrança de assinaturas, micropagamentos e até a formação de um cartel - e conclui:

"E a discussão continua, com as pessoas comprometidas com a salvação dos jornais querendo saber: 'Se o modelo antigo está quebrado, o que funcionará no seu lugar?' A resposta é: Nada. Nada vai funcionar. Não existe um modelo geral para os jornais que substitua o que a internet quebrou. Com os fundamentos econômicos antigos destruídos, formas organizacionais criadas para a produção industrial precisam ser substituídas por estruturas otimizadas para os dados digitais. Faz cada vez menos sentido falar de uma indústria de publicação, porque o principal problema que a publicação resolve - a dificuldade, complexidade e custo incríveis para tornar alguma coisa disponível ao público - deixou de ser um problema."

No ano passado, entrevistei Shirky, durante um evento em New Haven, nos Estados Unidos, em que ele já alertava que as empresas de jornalismo deveriam deixar de pensar em si mesma como fabricantes de papel pintado. No texto em seu blog, ele aponta para a questão essencial, que é como salvar o jornalismo, mesmo com o fim dos jornais. Ele acerta ao dizer que será uma atividade em que amadores irão ocupar um espaço crescente, mas é um pouco romântico ao afirmar que o jornalismo sempre foi uma atividade subsidiado, e ver esperança no jornalismo baseado em patrocínios, bolsas e doações, no lugar de faturamento.

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