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Como virar 'memis'

Biografia mostra como o comediante Mussum, morto em 1994, virou sucesso na web

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

Antônio Carlos Bernardo Gomes, o Mussum dos Trapalhões, morreu em 1994, mesmo ano que foi criada a Netscape, empresa que inventou o navegador responsável por tornar a web um sucesso mundial. Naquela época, nem havia ainda internet comercial no Brasil. Só no ano seguinte começou o movimento que levou à criação de provedores de acesso por todo o País.

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Apesar disso, Mussum se tornou um sucesso da internet brasileira. O último capítulo de sua recém-lançada biografia Mussum forévis: samba, mé e Trapalhões (LeYa), escrita pelo jornalista Juliano Barreto, mostra como isso aconteceu. Centenas de fãs se apropriaram de sua imagem e de suas frases, e criaram novos contextos para fazer piada no estilo do comediante. Mussum virou "memis".

Memes são ideias que se espalham de pessoa a pessoa e ganham popularidade. Em tempos de internet, conseguem alcançar um público muito grande. Como destacou Barreto em seu livro, o termo foi tirado do livro O gene egoísta, do biólogo Richard Dawkins. Meme é o equivalente cultural do gene, que se autorreplica, sofre mutações e reage às pressões seletivas do ambiente.

Segundo o autor da biografia, o marco zero do sucesso do comediante na rede foi a publicação no YouTube do quadro "Mussum armando uma pindureta", em novembro de 2006. No vídeo, Mussum tenta deixar para outro dia o pagamento de sua conta num bar, e contracena com Renato Aragão e Tião Macalé.

É fácil as pessoas reproduzirem as piadas da cena em suas vidas. Muita gente viu o quadro e começou a usar "pindureta" como sinônimo de calote. Ou a chamar a garrafa de cerveja de "ampolis", como faz Mussum. O vídeo teve mais de 3,4 milhões de visualizações.

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O perfil no Twitter @MussumAlive, criado por um fã, tem 109 mil seguidores. Nos 15 anos da morte do comediante, as pessoas publicaram frases no Twitter com a expressão #MussumDay, que passou o dia em primeiro lugar na lista mundial dos termos mais comentados do serviço.

Em 2009, quando o Rio foi escolhido para sediar a Olimpíada de 2016, o ilustrador Rodrigo Hashimoto criou uma nova versão para o pôster de campanha de Barack Obama. Ele substituiu a foto do presidente americano por uma do Mussum, e o slogan "Yes, we can" por "Yes, we créu" (numa referência ao funk "Dança do Créu"). O sucesso foi além da internet e o pôster virou até camiseta.

O escritor de tecnologia Clay Shirky disse, certa vez, que criar um LOLcat (piada com uma foto de gato e uma frase escrita em inglês errado) é melhor do que assistir ao melhor programa de televisão. Ele falou isso para valorizar o trabalho das pessoas comuns na rede. Mas não é bem assim. Em tempos de internet, tem muito valor o conteúdo profissional que consegue virar matéria-prima de criação para amadores.

No ar

A viagem de avião costumava ser um momento para se desconectar. Não mais. A Honeywell Aerospace publicou na semana passada a segunda edição de sua pesquisa anual sobre conexões sem fio Wi-Fi em voos. Foram entrevistados mil americanos que usaram a tecnologia nos últimos 12 meses. Para 66% deles, a disponibilidade de acesso influencia a escolha do voo, sendo que 22% admitiram ter pagado mais por uma passagem para ter Wi-Fi a bordo.

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Expectativa

Dos entrevistados, 37% ficariam desapontados com a ausência de Wi-Fi numa próxima viagem, mais do que os 35% que se decepcionariam com a falta de comida e bebida. Se o serviço fosse gratuito, 85% usariam o acesso sem fio em todos ou quase todos os voos. Apesar disso, 54% afirmaram que se sentiriam envergonhados se o passageiro ao lado visse o que fazem na internet para se divertir.

No Estado de hoje ("Como virar 'memis'", p. B10).

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