Foto do(a) blog

Informações sobre tecnologia

Críticas à estatal da internet

As grandes operadoras de telecomunicações afirmaram ontem (14/10), durante o evento Futurecom, que seria impossível implementar um plano nacional de banda larga sem a participação da iniciativa privada. O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, classificou como "retrocesso" a criação de uma operadora estatal. A Andrade Gutierrez é uma das controladoras da Oi.

PUBLICIDADE

Por Renato Cruz
Atualização:

"Esse retrocesso não faz sentido", disse Azevedo. "Todas as teles têm um pensamento muito equilibrado em relação a esse caso. Sem dúvida nenhuma, de tudo o que foi privatizado no Brasil, as operadoras de telecomunicações foram as que conseguiram a maior abrangência dos serviços."

PUBLICIDADE

O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, destacou que o setor de telecomunicações precisará de um investimento de R$ 215 bilhões, de acordo com projeções da Agência Nacional de Telecomunicacões (Anatel), até 2018. "O setor vai consumir, no período, investimentos da mesma ordem de grandeza que o pré-sal", disse o executivo.

Somente no ano passado, foram investidos cerca de R$ 20 bilhões, sendo metade em banda larga. Em comparação, o governo estima investir R$ 3 bilhões em sua estatal de banda larga, pelos números divulgados até agora.

Nos últimos dias, tornou-se pública uma briga entre grupos dentro do próprio governo. De um lado, o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, propõe que seja criada uma estatal que feche parceria com pequenas operadoras e provedores de acesso, que têm dificuldade de competir com as empresas dominantes. De outro, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, defende que o plano nacional de banda larga tenha como as empresas privadas, que atuam hoje no mercado.

Para Azevedo, da Andrade Gutierrez, deve prevalecer a visão de que as teles devem participar do processo. "Quem vai arbitrar tem que olhar o todo com um pouco mais de compromisso histórico. É assim que pessoas com nível superior na hierarquia política decidem, com uma perspectiva histórica adequada", destacou o executivo.

Publicidade

As divergências públicas fizeram com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinasse que os integrantes do governo "baixassem a bola", e aguardassem a entrega do plano, prevista para 9 de novembro, antes de se pronunciar. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, não participou da abertura da Futurecom na terça-feira à noite, sendo representado pelo secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins.

Em seu discurso, Martins defendeu a participação das operadoras. "Não há como fazer um plano de banda larga sem a participação do setor", afirmou o secretário. Ele apontou que as empresas privadas possuem uma rede óptica de 200 mil quilômetros, e defendeu a criação de "sinergias" entre essa estrutura e as redes do governo, como a Eletronet (empresa falida que tem a Eletrobrás como acionista).

Ontem, as operadoras tiveram a primeira reunião com Martins para discutir a proposta de como elas podem participar do plano de banda larga. O governo quer aumentar a cobertura da rede de internet rápida no País, reduzir o preço do serviço e melhorar a sua qualidade.

A falta de infraestrutura afeta as próprias operadoras. "Temos mais de 300 cidades prontas para serem ligadas com o 3G (terceira geração da telefonia celular), mas não temos rede de transmissão", afirmou João Cox, presidente da Claro. Segundo o executivo, a solução encontrada pelas operadoras celulares tem sido construir suas próprias redes, no lugar de contratar meios das empresas de telefonia fixa.

No Estado de hoje ("Para teles, plano de banda larga federal é inviável", para assinantes, p. B19).

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.