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Dell tira o foco dos PCs

Após virada para sistemas corporativos, Michael Dell chega a dizer que a Apple não é uma concorrente

Por Renato Cruz
Atualização:

 Foto: Estadão

Para Michael Dell, presidente da fabricante de PCs que leva o seu nome, existe atualmente uma percepção errada sobre a sua marca. Segundo ele, "oh, não sabia que vocês faziam isso" é uma frase comum que representantes da Dell têm ouvido de diretores de tecnologia ao redor do mundo. "Não somos mais uma empresa de PCs", disse.

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Nos últimos cinco anos, desde que reassumiu o comando da companhia, Dell tem feito um grande esforço para que a companhia passe a ser vista como uma provedora de sistema de tecnologia da informação para empresas, muito diferente daquela que criou há 28 anos, especializada em vender PCs sob encomenda. Para isso, a companhia tem feito aquisições em áreas como segurança da informação, armazenamento de dados, software e serviços.

O movimento significa que a empresa está se distanciando do mercado de consumo. Dell chegou a dizer, durante uma apresentação feita ontem, que a Apple não é, na maioria dos mercados em que a Dell atua, uma competidora.

"Tornamos seguros iPhones e Androids", disse Dell, referindo-se a sistemas vendidos pela companhia para permitir a integração de celulares inteligentes aos sistemas corporativos. "Ainda somos competidores em PCs e, em breve, em tablets, com o Windows 8."

O fundador da Dell afirmou que o mercado mundial de tecnologia da informação movimenta, anualmente, cerca de US$ 3 trilhões. Segundo ele, desse total, US$ 2,75 trilhões são gastos por empresas, governos e instituições. Dessa forma, ele justificou sua mudança de foco, para longe do mercado de consumo, que representa "somente" US$ 250 bilhões.

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Desempenho

O discurso de Michael Dell está de acordo com o desempenho da empresa no mercado. No segundo trimestre deste ano, segundo a consultoria Gartner, a Dell caiu da terceira para a quarta posição entre os maiores fabricantes de PCs do mundo. À frente dela, ficaram a HP, a Lenovo e a Acer.

As vendas da Dell, em volumes, diminuíram 11,5% em relação ao mesmo período de 2011, somando 9,3 milhões de unidades. A queda foi maior que a do mercado total, que registrou uma redução de 0,1%, para 87,5 milhões de unidades entre abril e junho.

Em 2008, 61% do faturamento da Dell vinham da venda de PCs. No ano passado, essa participação diminuiu para 54%. A tendência é que essa fatia continue caindo nos próximos meses.

"Mais importante que o faturamento é a lucratividade", disse o executivo. "Mais de 50% de nossa margem bruta já não vêm dos microcomputadores."

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Dell anunciou ontem a criação de um fundo de investimento de US$ 60 milhões, para empresas de armazenamento de dados, durante o evento Fortune Brainstorm Tech 2012, realizado em Aspen, nos Estados Unidos.

A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) são patrocinadoras do evento.

"O armazenamento de dados é uma área de inovação contínua", disse o executivo.

Em seu último ano fiscal, encerrado em janeiro, a Dell registrou um faturamento de US$ 62 bilhões, o que representou um crescimento de 1% em relação ao período fiscal anterior. O lucro da empresa, no entanto, registrou avanço de 33%, para US$ 3,492 bilhões.

Apesar disso, as ações da companhia têm sido castigadas pelo mercado. Enquanto o índice da bolsa eletrônica Nasdaq acumula alta de 4,7% nos últimos 12 meses, os papéis da Dell apresentam uma perda acumulada de 27,8%.

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"O mercado tem sido duro", reconheceu Michael Dell. "Mas buscamos construir uma grande empresa e deixar o mercado decidir o valor de nossa ação."

Emergentes

Dell falou entusiasticamente sobre os países emergentes. Ele destacou que a China já representa um mercado de US$ 5 bilhões anuais para a Dell, mas reconheceu que existem "alguns desafios" por lá. Ao ser questionado por Andy Serwer, editor da revista Fortune, se é verdade que a empresa tem enfrentado uma queda de faturamento na China, o executivo respondeu, um pouco relutante: "Essa seria uma declaração precisa, sim".

* O repórter viajou a convite da Brasscom

No Estado de hoje ("Dell não é mais uma empresa de PCs, diz fundador", p. B12).

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