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E se todos os jornais fossem gratuitos?

Por Renato Cruz
Atualização:

O jornal inglês The Guardian publica um artigo provocativo, dizendo que os grandes jornais ingleses que hoje são pagos poderiam migrar para o modelo gratuito, continuando sérios e viáveis.

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Quem assina é Richard Addis, ex-editor do Daily Express, do Globe and Mail (Canadá) e da edição de domingo do Financial Times.

Ele lista vários efeitos positivos que teria a migração. A principal delas, na minha opinião, seria o fortalecimento da edição eletrônica. Como ele escreveu:

"Uma das melhores conseqüências de virar gratuito é que deixaria de haver qualquer restrição ao desejo de transferir leitores do impresso para o website. Qualquer jornal com preço de capa precisa manter pelo menos um pouco de ambivalência a respeito de afastar leitores do impresso para a fonte digital mais barata. (...) Na verdade, a missão de longo prazo de qualquer jornal gratuito seria colocar seus leitores na direção da internet com tanto sucesso que, com o tempo, a tiragem poderia ser cortada drasticamente, se não cancelada em sua totalidade."

O autor faz várias contas para demonstrar a vialidade da migração para o gratuito, mas, até onde consigo enxergar, elas não fecham.

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Ele toma por base um jornal com tiragem diária de 200 mil exemplares, que estivesse com as contas equilibradas. Ele perderia £ 35 milhões em receitas de circulação, cerca de 25% do faturamento, tornando-se gratuito.

O autor estima um aumento de £ 12 milhões na receita com propaganda e de £ 7 milhões nos gastos com circulação, resultado da gratuidade. Ou seja, haveria muito mais a perder do que a ganhar com a migração.

O reforço na internet traria um aumento de 50% no faturamento online, o que corresponderia a £ 15 milhões. O restante do buraco, de £ 15 milhões, seria coberto por cortes nos gastos com marketing (cerca de £ 10 milhões) e outros gastos operacionais, o que incluiria corte de funcionários.

Não faz sentido, porque, num cenário em que todo mundo se torna gratuito e eleva a circulação, não haveria nenhum fator para incentivar um aumento no tamanho total do mercado publicitário.

Não haveria como todos conseguirem, ao mesmo tempo, uma fatia maior dele. Aumento de audiência, nesse cenário, não representaria, de forma direta, elevação de receita.

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Mesmo assim, o texto é bastante interessante.

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