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Here comes everybody, do Clay Shirky

Por Renato Cruz
Atualização:

No Reino Unido, o HSBC resolveu oferecer contas sem juros no cheque especial para universitários e recém-formados. Em agosto de 2007, o banco mudou de idéia e avisou que, em duas semanas, mudaria a sua política. Essa mudança criou um movimento no Facebook, serviço de rede social, em que milhares de estudantes se organizaram pela internet, protestaram e trocaram informações sobre como mudar de banco. O grupo do Facebook chegou a marcar para setembro um protesto em frente aos escritórios do HSBC em Londres. Não precisou ser feito, pois o banco voltou atrás.

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"Como qualquer empresa de serviços, não somos grandes demais para deixar de ouvir as necessidades de nossos consumidores", disse um executivo do banco. Clay Shirky (foto), professor da Universidade de Nova York e autor do livro Here comes everybody: The power of organizing without organization (The Penguin Press), aponta que não foi o descontentamento de seus clientes que fez o HSBC mudar de idéia, mas o descontentamento organizado dos clientes.

A internet reduziu as barreiras que existiam para as pessoas se organizarem e formarem grupos de acordo com seus interesses, o que coloca um desafio para empresas, governos e outras organizações. "Isso não quer dizer que as instituições vão desaparecer", explicou Shirky, em entrevista no mês passado, durante o evento Computers, Freedom, and Privacy 2008, em New Haven (EUA). "As empresas precisam descobrir quando e como seus clientes vão querer interagir entre si, e extrair valor disso."

Essa capacidade de organização sem a necessidade de ter uma empresa por trás já deu resultados importantes, como o sistema operacional Linux (desenvolvido por programadores voluntários) e a Wikipédia (enciclopédia escrita por amadores não-remunerados). A rede mundial trouxe para a publicação de informações o fenômeno de "amadorização de massa".

Ou seja, uma grande massa de amadores passa a ser capaz de fazer coisas que antes eram restritas a profissionais. "Ser um profissional é, necessariamente, ser uma minoria", afirmou Shirky. "Meus alunos estranham quando digo que, em 1995, se uma pessoa comum quisesse dizer alguma coisa num cenário global, não poderia. Mesmo se quisesse falar num cenário local ou regional, precisava convencer um jornal a publicar sua carta, ou uma rádio a deixá-lo falar." Hoje, quem tem alguma coisa a falar pode publicar na internet.

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Mais informações no Estado de hoje ("Capacidade de organização em rede desafia empresas", p. B20).

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